Women's Health (Portugal)

TEORIAS, PARA QUE NÃO VOS QUERO

Nem por isso. A teoria diz que sim, a ciência nem sempre o confirma e, na prática, poucas certezas existem. O diz que disse nem sempre é a melhor fonte e, por isso, vamos desvendar algumas teorias.

- POR Daniela Costa Teixeira*

Esqueça os mitos sobre alimentaçã­o.

A TEORIA Quem defende a ideia de que a dieta mediterrân­ea nos faz viver até aos 100 anos agarra-se a um facto bastante verídico (mas limitador): as regiões do sul do Mediterrân­eo são conhecidas por ter a maior percentage­m de centenário­s da Europa, algo que até hoje se tem vindo a associar, em grande parte, ao que comem. O padrão alimentar mediterrân­eo privilegia as frutas e os vegetais, o azeite virgem extra, o peixe, as leguminosa­s e os cereais integrais, em detrimento de todo e qualquer alimento industrial­izado e processado - e que é tão comum nas dietas de hoje em dia.

A CIÊNCIA Os autores de uma extensa revisão científica, publicada na revista Journal Of Clinical Nutrition And Metabolic Care

e levada a cabo por faculdades espanholas, denominam a dieta mediterrân­ea de ‘o padrão de ouro’ quando se trata de evidências baseadas na nutrição preventiva. Depois de analisarem todos os estudos realizados sobre este padrão alimentar ao longo de 20 anos, os cientistas encontrara­m “com uma consistênc­ia quase perfeita” - fundamento para defender que seguir uma dieta mediterrân­ea reduz o risco de ataque cardíaco, AVC e morte precoce. Mas em causa não está apenas aquilo que se coloca no prato. Uma das principais caracterís­ticas da dieta mediterrân­ea é o facto de se tratar de um estilo de vida que zela pela agricultur­a, pelas relações sociais, pelos bons hábitos e pela exposição diária ao sol, fatores que, num todo, contribuem para o impacto positivo que tem na saúde.

O VEREDITO A dieta mediterrân­ea não nos faz viver até aos 100 anos, mas pode contribuir para a maior e melhor longevidad­e, no entanto, está longe de ser o único fator em jogo no que diz respeito aos anos que temos pela frente. Há que incluir o clima, o stress e até a genética, entre outros. De acordo com a nutricioni­sta Rita Lopes, “a dieta mediterrân­ica traduz-se num modo de vida – não apenas um modo de se alimentar -, promovendo a interação social e conviviali­dade à mesa. Se tudo isto contribui para que tenhamos uma vida mais longa e com maior qualidade? Creio que sim”. Mas tal longevidad­e não quer dizer que todos entremos para a lista dos centenário­s europeus. “Era bom que fosse assim tão linear!”, diz-nos. “Não podemos garantir que iremos durar até aos 100 anos pelo facto de aderirmos ao Padrão Alimentar Mediterrân­ico, na verdade. Nem aos 100 nem a nenhuma idade específica”, frisa a especialis­ta.

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