TODO O AMOR CONTRA O ÓDIO
“És tão jovem e linda esses modelitos fazem-te mais velha?”; “Uma ignorante será sempre uma ignorante!”; “Com Photoshop tudo se consegue”; “Para quê mostrar tanto?”; “Bum bum caro mas não ta perfeito longe disso”; “O silicone em demasia é ridiculo”. Seis comentários (sem qualquer edição nossa) retirados de várias contas de Instagram de celebridades portuguesas. Seis comentários que deram azo a outros tantos. “A reprodução social é poderosa. Vai ser preciso tempo para certos preconceitos e formas comportamentais se alterarem”, revela Rita Espanha. Silvana Mota-Ribeiro diz que “há uma espécie de proliferação do mal-dizer e depois cada comentário desperta outro comentário. E isso é um problema. É um chorrilho de disparates que já não têm nada a ver [com o post]”. O caminho é longo, mas a docente universitária defende que “é preciso apostar na literacia mediática, as pessoas conseguirem olhar para imagens e dizerem 'isto é uma idealização estética de uma coisa, eu não tenho que almejar ser assim', mas para isso é preciso escola, é preciso educação, é preciso literacia. E isso só se consegue se as pessoas conseguirem desconstruir os significados”. Mas nem tudo são rosas com espinhos neste mundo digital. As críticas nas redes sociais podem ser um trampolim para mais críticas, é certo, mas também para uma onda de amor e apoio. Além dos ódios de estimação, Rita Espanha destaca que nas redes sociais há “também os ‘amores’. Se bem que há muito insulto, [mas] também crescem os fãs... o que é complicado é construir um equilíbrio”.
As páginas de fãs e os próprios seguidores mais fiéis são quase como um escudo protetor, uma arma de arremesso que ajuda a não deixar quase qualquer vestígio dos comentários maliciosos que dão azo a outros tantos. Aqui, temos o lado bom da proximidade que as redes sociais trazem e as boas notícias é que são bem mais os comentários positivos do que os negativos.