Digitalmente apaixonadas
As redes sociais foram uma espécie de tábua de salvação durante o isolamento, permitindo manter o contacto com os amigos e familiares. No que diz respeito ao amor, não é novidade que estas plataformas são, em alguns casos, uma espécie de trampolim para relacionamentos, havendo mesmo redes sociais e apps destinadas ao amor e com histórias inspiradoras de trocas de mensagens que deram origem a uniões felizes.
Porém, este lado digital do amor, embora esteja numa fase crescente, nem sempre funciona, sobretudo quando é palco do primeiro contacto de uma pessoa com a outra ou a única forma de dar continuidade a uma relação recente. “Por muito que estas relações possam ter sido alimentadas virtualmente através de chamadas ou de videochamadas, a verdade é que é muito difícil alimentar uma relação sem a linguagem universal dos afetos, isto é, os gestos de afeto”, esclarece Cláudia Morais, que lançou recentemente o livro Manual do Amor - Como Encontrar E Manter A Pessoa Certa Para Si, editado pela Livros Horizonte. E bem sabemos que nem todas as pessoas têm o dom da escrita ou até da interpretação, podendo ficar mensagens por passar ou por compreender.
O uso de aplicações como o Tinder aumentou durante a pandemia, havendo mesmo dados que dizem que as próprias conversações ficaram 32% mais longas do que o habitual. “Esta procura está diretamente relacionada com a solidão prolongada e com a necessidade de criar laços”, diz Cláudia Morais, embora destaque que “o Tinder e as outras aplicações de relacionamento não nos oferecem o essencial, a possibilidade de nos encontrarmos presencialmente com alguém de quem gostamos”. Além disso, frisa, “a verdade é que as redes sociais e as aplicações de relacionamento estão cheias de pessoas que não estão exatamente à procura de uma relação de compromisso, o que pode revelar-se frustrante para quem está à procura de uma relação séria”.