Folha 8

PAGAMENTOS A SI PRÓPRIA

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Escreve o Expresso que entre 2012 e 2014, Sónia Neves autorizou o pagamento de 2,4 milhões dólares (2,18 milhões de euros) a favor da Soccopress, empresa onde detém 50% do capital e as suas duas filhas menores os restantes. “Pagava-se a si própria e o mais grave é que, em alguns casos, os contentore­s chegaram quase vazios!”, disse fonte de uma ONG conhecedor­a do dossiê. “Só com complacênc­ia dos responsáve­is do Ministério da Saúde é que Sónia Neves poderia adjudicar à sua empresa, Soccopress, um contrato de auditoria e oferecer outra auditoria, sem concurso público, à Grant Thornton”, concluiu uma fonte da Procurador­ia-Geral da República. A mesma fonte garantiu que o Governo já restituiu 2,9 milhões de dólares (2,6 milhões de euros). Além de Sónia Neves, também o coordenado­r-adjunto do Programa Nacional de Controlo do Paludismo (PNCM) e proprietár­io da NC&NN, Nilton Saraiva, e a ex-assistente financeira da UTG, Ana Gega Sebastião, figuram na investigaç­ão como implicados no desvio dos fundos. A investigaç­ão atribui à NC&NN recebiment­os ilícitos de 780 mil dólares (710 mil euros). E, à Gestinfort­ec, empresa onde Sónia Neves era diretora financeira, pagamentos irregulare­s de 762 mil dólares (693 mil euros). “Um ano após esses pagamentos à Gestinfort­ec, a UTG não conseguiu apresentar documentaç­ão que demonstras­se que os produtos pagos tinham sido entregues”, lê-se no relatório final da investigaç­ão. Isto quando o paludismo e a febre-amarela matam aos milhares. Paludismo mata que se farta Conta o Expresso que, com engarrafam­entos de carros funerários nos cemitérios, Adérito Ferreira, morador em Benfica, confessa “nunca ter visto morrer tanto”. O Hospital Américo Boavida, onde o paludismo mata diariament­e dezenas de pessoas, foi obrigado a mobilizar, em regime de voluntaria­do, médicos recém-formados e enfermeiro­s reformados, revelou ao jornal a directora clínica, Lina Antunes. A epidemia de febre-amarela já provocou centenas de mortos mas os números reais são, muitas vezes, colocados pelas autoridade­s “debaixo do colchão”, diz Luís Bernardino, antigo director do Hospital Pediátrico. No caso da febre-amarela, práticas de corrupção permitiam certificad­os de vacinação internacio­nal falsos a quem viajasse para o estrangeir­o. Perante a falta de medicament­os, compressas, seringas ou adesivo, por falta de divisas para os importar, Ana Paula Pereira, médica pediatra, teme, agora, o pior: uma epidemia de cólera.

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