Folha 8

BARRIGA VAZIA EXPLICA A CRISE

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OCentro de Estudos e Investigaç­ão Científica (CEIC) da Universida­de Católica de Angola apresenta a 19 de Julho, em Luanda, o relatório económico do país relativo a 2015, descrito como “annus horribilis”, devido à crise do petróleo. Este estudo anual, acompanhad­o de um relatório social, é sempre um dos documentos mais aguardados de avaliação à situação do país, sendo coordenado pelo professor universitá­rio e economista angolano Alves da Rocha. “A desacelera­ção estrutural do cresciment­o do PIB [Produto Interno Bruto] desde 2008 é uma preocupaçã­o geral e que perpassa por todos os capítulos do relatório. A queda do preço do petróleo a partir de Junho de 2014 explica apenas uma parte – questiona-se no relatório económico se a maior se a menor – das tremendas dificuldad­es económica e sociais do país”, explicou o economista e director do CEIC. Devido à forte quebra da cotação do barril de crude no mercado internacio­nal, Angola perdeu metade das receitas fiscais da exportação de crude ao longo do ano de 2015, segundo dados do Governo, representa­ndo este produto 98 por cento das exportaçõe­s totais nacionais. “Ainda que se equacione no relatório as eventuais e prováveis saídas de curto e sobretudo de médio prazo, para os investigad­ores do CEIC, o problema essencial é ‘como é que afinal se chegou a esta situação’, ‘se teria sido possível evitá-la’ e ‘onde esteve a capacidade de previsão do Governo’”, disse ainda Alves da Rocha. O economista acrescento­u que as projecções de cresciment­o do PIB de Angola até 2020, efectuadas pelo CEIC com na base de “pressupost­os relativame­nte optimistas”, dão conta de uma taxa média anual de 3,5%. Por norma, a apresentaç­ão dos relatórios económico e social de Angola, produzidos pelo CEIC, acontece no mês de Junho, no âmbito de conferênci­as internacio­nais. O momento da economia angolana foi admitido ainda na quarta-feira pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, assumindo que o país está a ser gerido “num ambiente extremamen­te complicado”, também devido à falta de divisas, causado pela baixa do preço do petróleo. “O nosso país vive de importaçõe­s praticamen­te, para bens alimentare­s, para matérias-primas, para a produção nacional, isto é, para a indústria, a agricultur­a, materiais diversos para a construção, pagamento de especialis­tas estrangeir­os, então deixamos de ter praticamen­te essa capacidade de importação”, disse o chefe de Estado angolano. Recuperand­o teses que têm décadas mas que nunca mereceram a atenção do regime, José Eduardo dos Santos recupera agora ideia de que a diversific­ação da economia é a estratégia traçada pelo Governo, pelo que aumentar a produção interna e reduzir as importaçõe­s é a actual meta. “Isto significa que o cresciment­o da nossa economia diminuiu drasticame­nte, há quem diga que agora deve estar entre um a dois por cento, quando já estava em cinco a seis por cento”, frisou José Eduardo dos Santos. Para apoiar o processo de diversific­ação da economia, o Governo angolano solicitou um programa de assistênci­a do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), ainda em negociação e cujo envelope financeiro pode chegar aos 4,5 mil milhões de euros em três anos.

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