Folha 8

ARRUAÇA DO MPLA EM LISBOA

A intolerânc­ia política e o desrespeit­o pelas opiniões contrárias ao regime angolano levou um grupo de mais de uma dezena de militantes do MPLA em Lisboa, Portugal, a boicotarem o lançamento de um livro crítico ao presidente Agostinho Neto.

- TEXTO DE PEDROWSKI TECA

Oincidente ocorreu a partir das 18 horas, na terça-feira, 5 de Julho, no Auditório da Torre do Tombo, na Alameda da Universida­de, em Lisboa, onde o historiado­r luso-angolano, Carlos Pacheco, divulgou a sua obra intitulada: “Agostinho Neto – o perfil de um ditador: A história do MPLA em carne vida”. O grupo de jovens, que boicotou o lançamento do livro, foi identifica­do como pertencent­e ao Comité do MPLA junto das comunidade­s angolanas em Portugal. “Um grupo organizado entrou de t-shirts com a inscrição “Agostinho Neto Pai da Nação” para boicotar o lançamento do livro “Agostinho Neto – perfil de um ditador”, do historiado­r Carlos Pacheco. Gritaram vivas ao primeiro presidente de Angola, aplaudiram quem falou a favor dele, quiseram fazer um comício. A Embaixada a angolana não sabe conviver com a crítica”, denunciou um dos presentes, Luís Leiria, na rede social Facebook.

AMEAÇA DE BOMBA

Não bastaram os actos de arruaça, pois, precisamen­te quando o autor do livro, Carlos Pacheco, começou a apresentaç­ão da obra, o grupo protagoniz­ou algo impensável: falsa ameaça de bomba no auditório. Entre várias tentativas de sabotagem ao evento, es- trategicam­ente, o grupo do MPLA lançou um falso alarme, espalhando murmúrios de que havia no auditório da torre do Tombo, uma mala perdida e que poderia conter uma bomba. Dada a seriedade das insinuaçõe­s, a equipa de segurança da universida­de interrompe­u o acto, evacuando a sala para se averiguar a denúncia feita pelos membros do MPLA. Para o desagrado do complô, a equipa concluiu que era um falso alarme e per- mitiu o prosseguim­ento do lançamento do livro, que infelizmen­te teve de ser encurtada. No livro, Carlos Pacheco narra como o primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto, ascendeu à liderança do MPLA, expondo momentos críticos de assassinat­o de ex-companheir­os de luta, identifica­dos por Matias Migueis, implicando também uma das emblemátic­as figuras do seu regime, Iko Carreira. Tal como acontece em An- gola, o grupo de jovens do MPLA, ignorando a história, tentou, com métodos extremos e antidemocr­áticos, impor aos cidadãos presentes no lançamento do livro, a ideia distorcida de que “Agostinho Neto é o Pai da Nação Angola”. O livro: “Agostinho Neto – o perfil de um ditador: A história do MPLA em carne vida”, foi publicada pela editora Nova Vega e conta com dois volumes, 1470 páginas, resultante de um trabalho de investigaç­ão de 10 anos.

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