Folha 8

O EXEMPLO DE NINO VIEIRA

-

Foi neste contexto que Nino Vieira (tal como, entre muitos outros, José Eduardo dos Santos e Robert Mugabe) chegou a presidente e, tal como o seu homólogo, mentor e amigo angolano, por lá queria continuar com o beneplácit­o da tal Comunidade de Países de Língua Portuguesa. A estratégia de Nino Vieira falhou, mas outras aí estão no terreno com inegável pujança e com a histórica cobertura dos donos do poder na Europa, nos EUA, na Rússia, na China etc.. Ninguém se lembrou, apesar de saberem (até por experiênci­a própria) que Nino Vieira (tal como Eduardo dos Santos ou Robert Mugabe) era só por si uma enciclopéd­ia de corrupção. Ninguém quis ver que Nino foi o único histórico do país que enriqueceu depois da independên­cia, tornando-se o homem mais rico de um país miserável. Que conclusões terá tirado a CPLP quando Carlos Gomes Júnior disse que “era impossível coabitar com Nino Vieira que não passava de um bandido e de um mercenário que traiu o povo”? Que conclusões terá tirado a CPLP ao saber que, tal como se passou nas eleições angolanas, também Nino conseguiu em alguns círculos ter mais votos do que eleitores registados? Pelos vistos à CPLP apenas interessa que se vote, nem que para isso se chamem os mortos, tal como aconteceu em Angola. Se os votos foram comprados, isso pouco interessa. Se os guineenses votam em função da barriga vazia e não de uma consciente opção política, isso pouco interessa. Para quem vive bem, para quem tem pelo menos três refeições por dia, o importante foi e será que os guineenses votem. Não importa o que aconteceu antes, o que está a acontecer agora e que voltará a acontecer um dia destes. Não será, aliás, difícil antever que o sangue do povo guineense voltará a correr. Mas o que é que isso importa? O que importa é terem votado...

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola