A BALADA DA MULHER ANGOLANA DESGRAÇADA
A Dite ficou sem casa, sem nada Escapou de ser enforcada Coitada A Dite está desolada
Como o seu futuro será Ninguém saberá Nos caminhos incertos andará Mas sempre sonhará
Este mundo é uma perdição Oh, não chores mais, não Muitos mais males te acontecerão Não, não chores mais não
Que fazer sem dinheiro Até acabar num pardieiro Corruptos sempre no lugar cimeiro A Igreja e o seu deus sempre primeiro
Já fiz quilapis, sem dinheiro Agora é que vai ser porreiro Nunca nenhum plano se executou Nunca nenhuma lei funcionou
Vale mais tarde do que nunca Mas acordar tarde tudo se trunca Quando a corrupta Igreja acabar Então sim haverá lugar para amar
Quem tem, tem Quem não tem come dendém Onde há desdém Não se vive bem
Uma desgraça nunca vem só A pobreza mete dó A miséria está comovente E a fome muito insolente
Quando se perde a esperança Deixa-se de acreditar em nada Resta da família a lembrança Antes da derrocada
A intolerância está muito presente Quem comanda está ausente Não quer saber da gente Nada sente
Neste profundo sofrimento Perde-se o alento Na tristeza do olhar desatento À espera de algum alimento