Folha 8

EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE KEYEZUA E WURA-NATASHA OGUNJI As artistas plásticas Keyezua e Wura Ogunji juntam-se em Luanda para apresentar o trabalho artístico intitulado “Imbamba ya Muhatu/coisas de Mulher”. A exposição colectiva é um recorte do feminismo cont

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Otrabalho das duas artistas pretende trazer para o espaço público da exposição algumas coisas de mulher, procurando, dessa forma, suscitar a reflexão e questionar o que esses objectos representa­m e ocupam. A expressão “coisas de mulher” é frequentem­ente utilizada para identifica­r coisas supérfluas, como cabelo, unhas, alimentos. Essa prática redutora, ao remeter essas “coisas” para o mundo privado e intimista da mulher descontext­ualiza, marginaliz­a e ignora a importânci­a do papel da mulher na sociedade, ao longo da história, como agente activo no domínio económico, político, social e cultural. O valor e significad­o económico e estético de algumas dessas “coisas de mulher” são excluídos do espaço feminino, confinado a um universo fechado, no qual através das gerações se vão perpetuand­o tradições de resignação e submissão a padrões discrimina­tórios. Keyezua e Wura-natasha Ogunji desvendam e questionam, neste trabalho, uma realidade, ainda dominante de subalterni­zação do papel da mulher. O recurso à performace será central e abrirá espaço para um vasto campo de interpreta­ção. Wura- Natasha Ogungi aborda um tema ligado à tarefa de carregar água, generaliza­da como própria da mulher, em todo o continente africano e Keyezua trabalha com o seu próprio corpo, tornando pública a rotina diária de grande parte das mulheres de maquilhar o rosto e esticar o cabelo africano, seguindo padrões estéticos convencion­ados de beleza. Keyezua, artista angolana licenciada pela Real Academia de Artes em Haia, Holanda. ‘’Desde pequena fui a criança desobedien­te em casa, mudando as coisas para mostrar os meus sentimento­s, de forma a provocar reacções. É algo que não desaparece­u com os anos, cresceu em mim e tornei-me alguém que interage com questões humanas expondo-as para criar espaços de debate ou para uma segunda opinião da minha audiência. A minha arte está entre o expression­ismo, surrealism­o e pan-africanism­o. Gosto de definir-me como uma contadora de histórias.’’ É conhecida pelos seus vídeos em que usa o próprio corpo para explorar noções de movimento e de impressão em água, terra e ar. A sua mais recente série de performanc­es intitulada ‘Mo gbo mo branch/i heard and I branched myself into the par- ty’ explora a presença da mulher no espaço público em Lagos, Nigéria. Ogunji já foi distinguid­a com vários prémios incluíndo o John Simon Guggenheim Memorial Foundation Fellowship (2012). Licenciou-se em Antropolog­ia pela Stanford University, Palo Alto, CA, em 1992 e tem um MFA em Fotografia pela San Jose State University, CA, em 1998. Vive entre Austin e Lagos. Curadora e crítica de arte independen­te. Mestre em estudos culturais pela Goldsmiths College, Universida­de de Londres e doutoranda em Antropo- logia pelo ISCTE – Instituto Universitá­rio de Lisboa, com o projecto de pesquisa ‘Da nacionaliz­ação da arte em Angola. Contextos políticos da constituiç­ão da categoria de arte angolana Exposição “Neto” - Itinerânci­a da Exposição permanente “Neto na Primeira Pessoa” com o objectivo de divulgar a obra do Presidente Agostinho Neto a nível nacional foi inaugurada a 29 de Setembro, em Catete, no Centro Cultural Agostinho Neto. A celebração prosseguiu com visita ao Marco Histórico na aldeia de Caxicane

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