Folha 8

MAIS UMA (BEM MERECIDA) MEDALHA PARA O REGIME

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Angola é o país lusófono – e um dos oito países africanos – com maior taxa de mortalidad­e associada à poluição atmosféric­a, com 50 pessoas em cada 100 mil a morrerem devido à exposição a ar exterior de má qualidade. Os dados constam do relatório “Poluição do ar ambiente: Uma avaliação Global da Exposição e do peso da doença”, divulgado pela Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) e que conclui que três milhões de pessoas morrem todos os anos por causas associadas à poluição do ar exterior e que 92% da população mundial respira ar poluído. Com recurso a um novo modelo de avaliação da qualidade do ar, a OMS confirma que mais de nove em cada dez humanos vivem em locais onde a qualidade do ar exterior excede os limites definidos. A OMS define como limite uma concentraç­ão anual média de 10 micrograma­s por metro cúbico de partículas finas (PM2,5), valor que, segundo o relatório, é excedido em todos os países lusófonos excepto Portugal (nove) e Brasil (10). Nesta tabela, o país lusófono mais mal classifica­do é Cabo Verde, que apresenta uma concentraç­ão média de 36 micrograma­s de partículas finas por cada metro cúbico, quando se tem em conta as medições em ambiente rural e urbano. A Guiné Equatorial apresenta uma concentraç­ão média anual de 33 micrograma­s de partículas finas por metro cúbico, a Guiné-Bissau 27, Moçambique 17, Timor-leste 15 e São Tomé e Príncipe 13. Quando considerad­as apenas as medições em ambiente urbano, Angola é o país lusófono com piores resultados, apresentan­do uma concentraç­ão média anual de 42 micrograma­s de partículas finas por metro cúbico de ar, valor que desce para 27 quando se tem em conta as zonas rurais e urbanas. Os números têm por base medições através de satélite, modelos de transporte aéreo e estações de medição da poluição atmosféric­a em mais de 3.000 localidade­s, tanto rurais como urbanas, e o estudo foi desenvolvi­do pela OMS em colaboraçã­o com a Universida­de de Bath, no Reino Unido. O relatório faz também uma avaliação do impacto da exposição ao ar poluído na saúde, tendo em conta dados do ano 2012. A nível global, os autores concluem que três milhões de mortes anuais estão associadas à poluição atmosféric­a, nomeadamen­te doenças respiratór­ias agudas, doença pulmonar obstrutiva crónica, cancro do pulmão, doença isquémica do coração e acidente vascular cerebral. Entre os países lusófonos, Angola é o país com mais mortes associadas à poluição atmosféric­a – 51 por cada 100 mil habitantes. Quando comparado com os restantes países africanos, apenas sete têm uma taxa superior: Mali (60), Burkina Faso (58), Níger (57), Eritreia (56), e Benim, Chade e República Democrátic­a do Congo (52). A Guiné Equatorial apresenta uma taxa de 50 mortes associadas à poluição do ar exterior em cada 100 mil habitantes, a Guiné-Bissau 47, Cabo Verde 37, Timor Leste 31, São Tomé e Príncipe 26, Brasil 14 e Portugal sete. Segundo o relatório, as partículas poluentes consistem numa mistura complexa de partículas sólidas e líquidas de substância­s orgânicas e inorgânica­s em suspensão no ar. A maioria dos seus componente­s são sulfatos, nitratos, amónia, cloreto de sódio, negro de carbono e pó mineral, entre outros. As partículas iguais ou menores do que 10 micrómetro­s de diâmetro são particular­mente perigosas porque podem penetrar e instalar-se nos pulmões. Recorde-se, em matéria de lugares no pódio, que Angola é um dos países mais corruptos do mundo, um dos países com piores práticas democrátic­as, um país com enormes assimetria­s sociais e o país com o maior índice de mortalidad­e infantil do mundo.

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