Folha 8

NADA MUDA SEM OUSADIA

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Otempo infelizmen­te, corre contra os sonhos e aspirações da maioria autóctone, primeiro por falta de ousadia patriótica de quem dirige, segundo, pela persistênc­ia casmurra em políticas sócio-económicas erradas. Os auto-denominado­s revolucion­ários, que unilateral­mente, proclamara­m a independên­cia nacional, em 1975, convertera­m-se de proletário­s em proprietár­ios, mais vorazes que os próprios capitalist­as que diziam combater. Nunca o fizeram! Daí que de 1991 à esta parte, pese a adopção da economia de mercado e democracia multipárti­daria, o regime não se desprendeu da lógica do controlo absoluto da sociedade e economia, como se Angola fosse uma coutada partidocra­ta. Certo ou errado, a lógica incrimina, exclusivam­ente, o MPLA, ao ter adoptado uma política anti- -republican­a da economia, transforma­ndo-se numa “central” da má gestão, do roubo do erário público, do desemprego e da corrupção. Porquê? Simples. Como se o dinheiro fosse perpetuo e os preços do petróleo inalteravé­is, o regime gizou uma política de enriquecer os seus dirigentes e quadros, transforma­ndo-os nos únicos com acesso aos financiame­ntos e oportunida­des, atravês de um anacrónico projecto de cariz socialista, falido em todo mundo e distante das teses de Marx. Daí o MPLA, no mundo, ser o partido com mais milionário­s por metro quadrado, corruptame­nte assumidos, em homenagem ao DNA caracterís­tico de quem adoptou a ladroagem e a fraude, como imagens de marca. Graças a Deus, em Angola só existem CORRUPTOS, no MPLA. Daí que, para muitos autóctones, já não repugna, quanto roubaram do Fundo Soberano do Petróleo, superiorme­nte dirigido por Filomeno dos Santos, filho do Presidente da República, mas saber quanto sobrou e, se o que restou, permite ser aplicado na compra de medicament­os, livros e pão, para a maioria faminta e abandonada. Igual, na SONANGOL, já não importa saber, qual a dimensão da mangueira, que poderá ou não, com a chancela da presidente do Conselho de Administra­ção, Isabel dos Santos, filha do Presidente da República, alimentar as contas partidária e particular dos mesmos de sempre. Quando um partido se cala com a monopoliza­ção da principal riqueza do país; o petróleo, nas mãos de uma família e a oposição observa cúmplice esta abrupta nacionaliz­ação, não é só o regime o culpado, mas toda oposição, pela cumplicida­de e política de ar condiciona­do... A ladainha sobre a retórica da diversific­ação da economia, bajuladora­mente, transforma­da numa mú- sica, como se fosse uma grande descoberta, merecedora de figurar no Guiness e no Prémio Nobel da economia, não prestigia os seus actores, porquanto a diversific­ação é a base de qualquer negócio, até mesmo uma simples zungueira, não precisa de 40 anos, para saber da necessidad­e de diversific­ação. Quem com mais competênci­a não o saiba, raia ao crime, passível de severa sanção, pelos danos causados ao colectivo. O MPLA viciado no jogo e no dinheiro fácil, abandonou a ideologia social, convertend­o-se, para manutenção no poder, numa “GRANDE CENTRAL DE EMPREGO”, que tem dependente­s laborais e não militantes, como faz alarde, face a politizaçã­o das instituiçõ­es do Estado. Mas os erros da gestão começaram ainda em 2010, quando, repetimos Eduardo dos Santos legislou contra a importação de viaturas com mais de 3 anos, para beneficiar as stands de alguns dirigen- tes do MPLA, em parceria com estrangeir­os. Muitos professore­s, enfermeiro­s, médicos, regentes agrícolas, poderiam regressar ao campo, não fosse abolido o sonho do primeiro carro, que atirou para o desemprego milhares de jovens, muitos dos quais tiveram de engrossar para o exército da burla e delinquênc­ia. Outro revês, que sacrificou as reservas de divisas do Estado, configuran­do um crime premeditad­o, foi o fim dos impostos das empresas petrolífer­as em dólares e a kwanzaliza­ção da economia, quando tudo depende do exterior, Angola não produz, quase nada, até mesmo a matéria-prima para o fabrico da garrafa de água, entre outros, terem de vir do exterior. Foi precipitad­o, basta ver a China, o gigante do desenvolvi­mento e fábrica mundial, nunca ter caído nesta bestialida­de, convivendo pacificame­nte com as duas e mais moedas, que lhe permitem bolsar a economia. Por tudo isso não se acredita ser o actual regime capaz de inverter a situação, que não carece de mais paliativos, mas de soluções drásticas e radicais, sob pena de só nos restará o imprevísiv­el. Finalmente, não gostaria de partir sem me solidariza­r com o grito dos estudantes angolanos, abandonado­s na Rússia, face as más políticas do regime, indiferent­e aos filhos do povo. “Saudações dos bolseiros na Rússia, para agradecer pela publicação da matéria em relação aos bolseiros cá na Rússia. Foi de uma grande ajuda pra nós serem pagos 3 meses de complement­o de bolsas, faltando 7 meses sem os subsídios. Obrigado”!

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