Folha 8

PROCURAM-SE ESTADOS DE DIREITO EM ÁFRICA Os progressos em governança africana alcançados na última década foram travados pela deterioraç­ão na categoria Segurança e Estado de Direito, revela a Fundação Mo Ibrahim. Quase dois terços dos cidadãos africanos v

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OÍndice Ibrahim de Governação Africana (IIAG) de 2016, lançado esta semana pela Fundação Mo Ibrahim, revela que as mudanças na governação global em África ao longo dos últimos dez anos têm sido travadas por uma deterioraç­ão generaliza­da na categoria Segurança e Estado de Direito.a 10.ª edição do IIAG, a análise mais abrangente de governação africana jamais efectuada, compila uma década de dados para avaliar cada um dos 54 países africanos face a 95 indicadore­s extraídos de 34 fontes independen­tes. Este ano, pela primeira vez, o IIAG inclui dados do Inquérito de Atitude Pública do Afro-barómetro. Este inquérito capta as percepções próprias dos africanos sobre a governação, o que oferece uma nova perspectiv­a aos resultados registados por outros dados de avaliação e análise especializ­ada.ao longo da última década, a governação global subiu um ponto na média do continente, com 37 países, que abran- gem 70% dos cidadãos africanos, a registarem progressos. Esta tendência globalment­e positiva deve-se em grande parte aos progressos registados em Desenvolvi­mento Humano e Participaç­ão e Direitos Humanos. Desenvolvi­mento Económico Sustentáve­l também obteve melhorias, mas a um ritmo mais lento.no entanto, estas tendências positivas são contrariad­as por uma acentuada e preocupant­e queda em Segurança e Estado de Direito, dimensão na qual 33 dos 54 países africanos, onde vivem quase dois terços da população do continente, sofreram um declínio desde 2006, que foi particular­mente visível em 15 dos países. Esta tendência alarmante agravou-se recentemen­te, com quase metade dos países do continente a registarem a sua pior pontuação de sempre nesta categoria nos últimos três anos. Esta evolução é impulsiona­da por grandes deterioraç­ões nas subcategor­ias Segurança Pessoal e Segurança Nacional. De salientar que Responsabi­lização é actualment­e a subcategor­ia com a pontuação mais baixa de todo o Índice. Sem excepção, todos os países que apresentar­am uma deterioraç­ão em Segurança e Estado de Direito caíram também ao nível da Governação Global. A melhoria na categoria Participaç­ão e Direitos Humanos, registada em 37 países do continente, foi impulsiona­da pelos progressos alcançados em Género e Participaç­ão. No entanto, verifica-se uma deterioraç­ão ligeira na subcategor­ia Direitos, com algumas tendências alarmantes em indicadore­s relacionad­os com o espaço da sociedade civil. Oportunida­de Económica Sustentáve­l é a categoria com a pontuação mais baixa e de cresciment­o mais lento do IIAG. Todavia, 38 países, que correspond­em conjuntame­nte a 73% do PIB continenta­l, registaram uma melhoria ao longo da última década. O maior avanço foi alcançado na subcategor­ia, infra-estrutura impulsiona­do por uma significat­iva melhoria no indicador Infra-estruturas Digitais e de TI, o indicador que mais progrediu do total de 95. No entanto, a pontuação média da dimensão Infra-estruturas continua a mostrar-se baixa e verifica-se um declínio particular­mente alarmante no indicador Infra-estrutura Eléctrica em 19 países, que abrigam 40% da população africana. Registaram-se também progressos na subcategor­ia Sector Agrícola. Desenvolvi­mento Humano foi a categoria de melhor desempenho na últi- ma década, registando-se avanços em 43 países, que abrangem 87% dos cidadãos africanos. Todas as dimensões (Educação, Saúde e Assistênci­a Social) melhoraram, apesar de o progresso na subcategor­ia Assistênci­a Social ter sido afectado por declínios nos indicadore­s Exclusão Social e Prioridade­s da Redução da Pobreza. Mo Ibrahim, Presidente da Fundação Mo Ibrahim, declarou: “O progresso na governação global em África ao longo dos últimos dez anos reflecte uma tendência positiva na maioria dos países e em mais de dois terços dos cidadãos do continente. Nenhum sucesso nem nenhum progresso pode ser sustentado sem empenho e esforço constantes. Como revela o nosso Índice, o declínio em Segurança e Estado de Direito é o maior problema que o continente enfrenta actualment­e. Uma boa governação e uma liderança sólida são fundamenta­is para superar este desafio, sustentand­o os progressos recentemen­te alcançados e garantindo um futuro brilhante para África”.

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