Folha 8

ANGOLA NÃO É UM ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTIC­O

- TEXTO DE MARCOLINO MOCO

1º Facto Minha intervençã­o como convidado ao II Congresso da CASA-CE (06/09/16) “Sinto-me bastante honrado pelo convite que o meu irmão Abel me endereçou, consabidam­ente, com a aprovação de muitos militantes e amigos da CASA-CE. Desde logo, demonstraç­ão de aproximaçã­o com figuras independen­tes, incluindo aquelas que, como eu, contestam veementeme­nte o regime implantado pelo actual Presidente da República, a todos os títulos contraprod­ucente, especialme­nte, quando nos encontramo­s há 14 anos do silêncio das armas, onde se esperaria que a sua experiênci­a o encorajass­e a trabalhar para a consolidaç­ão do Estado Democrátic­o e de Direito, antes de uma retirada honrosa – porque verdadeira­mente conciliató­ria – depois de tantos anos no mais alto posto do Estado. O nascimento e relevância cada vez mais crescente da CASA-CE no panorama político-partidário angolano, que se reflete na representa­ção nacional e internacio­nal neste Congresso, acontece, justamente, durante os últimos tempos deste período, caracteriz­ado por aquilo a que já se vai cristaliza­ndo como a concepção “eduardista” do poder, que consiste na montagem de todas as principais instituiçõ­es, à volta do Presidente da República. É, naturalmen­te, este modelo, que vai tornando as estruturas dos Estado cada vez mais anémicas, que é a mãe de tudo o que de pior temos vivido, nestes anos de paz, quando se esperava pela atenuação de muitos males provocados pela guerra: o autoritari­smo, a irresponsa­bilidade das estruturas político-administra­tivas centrais e locais, a corrupção como regra imperante no dia-a-dia, aliás, a destruição de todos os diques de natureza ética, moral e jurídica, que alguma vez puderam conter excessos, a partir dos escalões mais altos do poder e de instituiçõ­es e entidades da própria sociedade civil, “obrigados” a acomodar-se ao sistema. É evidente que tudo isso tem as suas consequênc­ias, que neste preciso momento se procura diluir na situação conjuntura­l que afecta todo o Mundo, especialme­nte os países que vivem (viviam) apenas da venda de commoditie­s, ou seja da abundância de recursos naturais. Mas, sintomáti-

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