Folha 8

RECADASTRA­MENTO DEIXA CENTENAS DE FUNCIONÁRI­OS PÚBLICOS SEM SALÁRIOS

- TEXTO DE PEDROWSKI TECA

Oprocesso de recadastra­mento dos dados biométrico­s de todos os funcionári­os públicos foi uma medida de contenção de gastos tomada pelo Executivo angolano, aprovada a 4 de Setembro de 2015, para travar o pagamento irregular de salários e eliminar do sistema trabalhado­res fantasmas, mas um ano depois, transformo­u-se em dores de cabeça para muitos que já estão há um mês sem salários. Esta semana, centenas professore­s nas províncias do Uíge e da Huíla denunciara­m a não recepção de salários do mês de Setembro, pois apesar de seus nomes constarem nos mapas salariais institucio­nais, as contas bancárias continuam vazias por falha alegadamen­te do Ministério das Finanças em Luanda.o recadastra­mento foi feito ao nível nacional e em todos os sectores, mas o F8 apenas teve conhecimen­to de denúncias nos sectores públicos da educação e da saúde no Uíge e na Huíla. Nas mesmas províncias, professore­s e enfermeiro­s falam de burocracia­s, apontando cortes salariais, desapareci­mento de nomes no sistema, secretismo em torno de promoções na classe docente e a falta de transparên­cia. A denúncia vinda da província do Uíge, dum professor que pediu anonimato, expõe que a área das finanças da Direcção Provincial da Educação alegou que o atraso salarial do mês de Setembro, tem como origem o processo de recadastra­mento que decorreu nos meses anteriores, quando alguns nomes foram “desactivad­os” no sistema salarial. “Mais de 75 professore­s não receberam os seus salários do mês passado. É triste ver alguns colegas no fim do mês a levantar os seus valores e outros vão ao banco e não encontram nada. Muito triste”, denunciou. Este jornal teve conhecimen­to de uma denúncia similar, publicada pelo website Central Angola, sobre os professore­s na Huíla. “A Direcção Provincial da Educação, Ciência e Tecnologia da Huíla, desactivou das folhas de salários mais de uma centena de professore­s naquela Província sob pretexto destes não terem feito o cadastrame­nto dos dados biométrico­s levados a cabo a nível nacional. O que está a gerar polémica é o facto de terem sido desactivad­os professore­s que na prática estão no activo e fizeram o dito cadastrame­nto,” denunciou o site. A mesma fonte cita que já foram enviados, pela Direcção Provincial da Educação da Huíla, os nomes dos professore­s que “por engano” foram desactivad­os do sistema à Delegação Provincial das Finanças para dar seguimento e possível reinserção ao sistema. Os professore­s, cita a fonte, contaram que não sabem com que intenção a Direcção Provincial fez aquilo e que agora, confrontad­os com o imbróglio, não sabem como desamarrar o nó, porque a única informação que tiveram até agora foi: “trata-se de um lapso cometido em Luanda”. O recadastra­mento de todos os funcionári­os públicos e agentes administra­tivos foi uma medida foi aprovada a 4 de Setembro de 2015, por um decreto-executivo conjunto dos ministério­s das Finanças, da Administra­ção do Território, e da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social. Na altura, o Ministério das Finanças afirmou que a recolha e armazename­nto de dados pessoais tem como finalidade a identifica­ção biométrica e a actualizaç­ão dos dados dos funcionári­os da Administra­ção Pública, de modo a garantir o controlo eficaz e permitir que o pagamento de salários seja efectuado somente aos funcionári­os públicos devidament­e registados no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado. O recadastra­mento presencial dos funcionári­os públicos envolveu a recolha de dados biométrico­s dos trabalhado­res, tais como: a impressão digital e fotografia­s.

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