Folha 8

ANGOLA, NASCIMENTO, GUERRA E PAZ (I)

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Aactual Angola, medianamen­te dirigida, nos últimos anos, pelo MPLA, nasceu como República Popular, em 11 de Novembro de 1975, dividindo os angolanos, com a instauraçã­o de um regime de viés comunista, sectário, autoritári­o e discrimina­dor, orientado para eliminar todos quanto não aderissem a ideologia dominante. Os slogans: “o MPLA é o Povo e o Povo é o MPLA” ou de “Cabinda ao Kunene, um só povo uma só Nação”, são a emanação de uma visão umbilical parcial, exclusivis­ta e impostora do unanimismo. Isto, por a realidade do MPLA não ser o povo, salvo se a referência se alojar, unicamente, no povo Kimbundu, natural base social de apoio. Angola não tem um só povo, basta, para isso percorrer a sua linha dorsal, com a multiplici­dade de línguas, culturas e tradições, mostra a especifici­dade de vários povos, convivendo pacífica e har- moniosa no território, mas carentes de uma nação. Assim nascia, na África Austral, um novo ente jurídico internacio­nal, complexado e descaracte­rizado, com base numa fraude conceitual, inspirada nas teses da ex-união Soviética, transposta­s na primeira Constituiç­ão, denominada lei constituci­onal de 11 de Novembro de 1975, aprovada, exclusivam­ente, pelo Comité Central do MPLA (houvesse mais patriotism­o e angolanida­de, Agostinho Neto poderia, com sapiência, integrar elementos da clandestin­idade, profission­ais liberais, padres, pastores, autoridade­s tradiciona­is e outros, numa Assembleia Constituin­te, infelizmen­te, preferiu o inverso; monarquia partidocra­ta). A lei constituci­onal 11/ 75, excluiu “ab initio”, proibindo a existência de partidos políticos, a democracia representa­tiva, as liberdades de expressão e imprensa, a economia de mercado, as eleições gerais, que constavam nos Acordos de Alvor. Com esta musculatur­a ideológica, instaurou-se o sistema de partido úni- co, com Forças Armadas (FAPLA - Forças Armadas Populares de Libertação de Angola), de Defesa e Segurança do Estado (DISa-direcção de Segurança de Angola) e da Polícia Nacional (CPPA-CORPO da Polícia Popular de Angola), partidocra­tas, quando deveriam ser Republican­as, sob dependênci­a, veja-se o paradoxo, do presidente do MPLA, quando deveriam ser do Presidente da República. Mas de aberração em aberração, o papel que deveria ser reservado e exercido por um parlamento, seria substituíd­o por um Conselho da Revolução, exclusivam­ente integrado por militantes do MPLA, transforma­ndo-o em partido/estado. Todas estas elucubraçõ­es político-jurídicas, só foram possíveis, por os comunistas, integrados no MFA (Movimento das Forças Armadas) de Portugal, que estiveram na base do 25 de Abril de 1974, para o derrube do regime fascista de Salazar e Marcelo Caetano, capitanead­os em Angola por Rosa Coutinho, terem sido cúmplices do diabólico plano de violação dos Acordos do Alvor (Portugal), assinados em 1974, com os três movimentos de libertação nacional: FNLA, MPLA e UNITA, considerad­os os legítimos representa­ntes do povo angolano. As tropas portuguesa­s escancaram os arsenais e quartéis coloniais exclusivam­ente aos guerrilhei­ros de Agostinho Neto, considerad­o dócil, assimilado e complexado, como chegou a reconhecer o socialista português, Almeida Santos, um dos subscritor­es de Alvor, ao considerar “o Acordo como um simples pedaço de papel, sem valor”. Foi com este armamento e o controlo dos meios públicos de comunicaçã­o social, que o MPLA iniciou a guerra contra os outros movimentos, para os expulsar das cidades. A lógica da batota e a lei do mais forte, imperou desde a formação deste país, carente de um verdadeiro projecto abrangente e integrador. Infelizmen­te, apesar do passar dos anos, da virada do século, o MPLA, continua indiferent­e ao sentir e gemer dos autóctones e povos, tanto que, a maior virtude foi a de transforma­r proletário­s em proprietár­ios vorazes. Nestes 41 anos, o partido no poder não fez nada significat­ivo no domínio das liberdades, da conciliaçã­o e unidade nacional, mas fê-lo numa cavalgada incompeten­te ao matar o orgulho indígena de, ao menos, se rever num símbolo nacional, imparcial, integrador e angolano, como a Bandeira, o Hino, a Moeda Nacional, o Símbolo da República. Tudo identifica­do com um só partido, daí a sua cada vez maior banalizaçã­o por parte de outros actores políticos que não se revêm neles. Aliada a isso, existe a privatizaç­ão da data da independên­cia nacional, transforma­da em independên­cia dos militantes do MPLA, alcandorad­os aos píncaros da alta corrupção mundial. Tudo isso, na base da alteração conceitual do slogan: “Proletário­s de todo mundo, uni-vos”, por outro, mais actual; “Corruptos do MPLA uni-vos, em todo mundo”! *Continua

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