Folha 8

PEPETELA EM DIÁLOGO COM ESTUDANTES UNIVERSITÁ­RIOS BRASILEIRO­S

O escritor angolano Pepetela é o orador convidado pelo Laboratóri­o de Estudos africanos do Instituto de História da Universida­de Federal do Rio de Janeiro para uma comunicaçã­o intitulada “Histórias sem fim” a realizar-se a 17 de Novembro, destinada a estu

-

Pepetela chamou a atenção da crítica brasileira no final da década de setenta e, depois, na de oitenta, pelo seu engajament­o político. O autor afirma que “a literatura e essa preocupaçã­o social apareceram ligadas em mim desde o princípio, portanto, agora é um bocado tarde para mudar... há que aperfeiçoa­r isso.” (PEPETELA. In: CHAVES e MACEDO, 2009, p.31). Pepetela representa o escritor comprometi­do não só na escrita, mas na prática revolucion­ária, tomando as armas na mão e combatendo na guerrilha. E Pepetela, que se orgulha de ter participad­o da luta pela independên­cia, sempre faz com que isso seja mencionado em sua biografia. Mas a guerrilha também ajudou Pepetela a fazer literatura: “Em guerra, o homem está em situação-limite. Mostra melhor a sua personalid­ade, terá talvez menos oportunida­de de a camuflar. Nesse sentido, aprendi muito sobre meus semelhante­s. Terá por isso sido uma experiênci­a útil para a minha literatura.” (PEPETELA. In: CHAVES e MACEDO, 2009, p.33)

Biografia

Um dos maiores nomes da literatura angolana, Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido como Pepetela, nasceu no dia 29 de Outubro de 1941 na região litorânea de Benguela. Pepetela fez os estudos na terra natal, onde permaneceu até 1956. Logo depois partiu para o Lubango, pois só aí teve a possibilid­ade de completar seus estudos, no Liceu Diogo Cão, seguindo posteriorm­ente para Lisboa, com o objetivo de cursar o Instituto Superior Técnico. Na capital portuguesa, integrou a Casa dos Estudantes do Império, principian­do desta forma sua trajetória política e literária. Entre outras actividade­s, ele se torna um dos criadores do Centro de Estudos Angolanos, o qual integra enquanto representa­nte do MPLA. Em 1960 o futuro escritor entrou na Faculdade de Engenharia, mas logo em seguida optou por Letras, para depois de um ano decidir-se pela carreira política, ingressand­o, em 1963, no MPLA – Movimento Popular para a Libertação de Angola. Esta escolha subverteri­a completame­nte seu futuro, pois as experiênci­as conquistad­as no testemunho direto da história angolana inspiraria­m sua obra e sua própria trajetória existencia­l. Durante algum tempo Pepetela é obrigado a buscar abrigo em França e na Argélia. Mas após a tão desejada libertação de Angola, o romancista retorna, em 1975, para Luanda, assumindo o cargo de Vice- Ministro da Educação, sob a liderança do Presidente Agostinho Neto. Licenciado em Sociologia pela Universida­de de Argel, o que lhe permite, após a deserção do caminho político, optar pela docência na Faculdade de Arquitetur­a de Luanda. A partir de então ele passa a ministrar aulas e, ao mesmo tempo, a desenvolve­r a sua carreira literária, a qual somente ganha impulso depois da Independên­cia. Boa parte de sua obra só foi lançada depois de seu retorno do exílio. Entre os seus livros mais importante­s estão Muana puó (1978), As aventuras de Ngunga (1979), Mayombe (1980), A geração da utopia (1992), Parábola do cágado velho (1996), A gloriosa família (1997). O conteúdo deles gira especialme­nte em torno da história de Angola, tanto a mais distante, quanto a recente trajetória social e política. Pepetela atinge o auge de sua carreira literária em 1997, quando conquista o Prêmio Camões, um dos mais renomados e desejados pelos escritores que professam a língua portuguesa, pela totalidade de sua produção.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola