Folha 8

O REGIME PREFERE… TRUMP

- TEXTO DE DOMINGOS KAMBUNJI

Ése Hillary Clinton Vencer? E se Donald Trump vencer? Que repercussã­o poderá ter o resultado das eleição do próximo Presidente dos Estados Unidos da América em Angola? Será mínima ou nula, pensamos nós. Todavia, cremos, o “reigime” angolano orienta as suas preferênci­as para uma vitória de Donald Trump. Ele é o “amigo americano” a quem o MPLA pagou a organizaçã­o de um concurso de Miss Universo, por coincidênc­ia vencido por uma angolana, em Luanda, capital de um país que é líder mundial em mortalidad­e infantil e em muitas epidemias provocadas pela negligênci­a, nepotismo e incompetên­cia de um governo corrupto. A empresa Miss Universo do Donald Trump não veio a Angola matar a fome dos pobres, veio alimentar o ego dos novos ricos e lucrar com a negociata das meninas muito sexis. E porque prefere o MPLA a vitória de Trump. Todos sabemos que Barack Obama, de quem Hillary Clinton poderá ser uma seguidora, é pessoa não grata do “reigime” angolano, apesar de o actual presidente norte-americano ser muito admirado e respeitado pela grande maioria dos angolanos. Todos nos recordamos do discurso de Barack Obama na União Africana, criticando directamen­te os presidente­s africanos déspotas e corruptos, como são os casos de Dos Santos, Obiang ou Mugabe. Como é que os “altos dirigentes” do MPLA reagiram a esse discurso? Metendo o rabo entre as pernas. Que cobertura foi dada nos órgãos oficiais do MPLA (JA, TPA, RNA)? Nenhuma, porque a verdade incomoda e pode desmascara­r a demagogia que silencia, manipula e reprime a opinião pública de muitos angolanos. Na verdade Dos Santos prefere a demagogia de Trump, seu sósia, em vez da defesa dos direitos humanos e da dignidade dos cidadãos, no que se tem destacado Barack Obama e Hilary Clinton, para a me- lhoria dos mais desfavorec­idos, desde os primeiros anos como advogada nos Estados do Arkansas e Massachuse­tts. O resultado das eleições americanas terão pouca ou nenhuma influência em Angola, no curto e médio prazo, porque todos sabemos a situação em que se encontra o nosso país. O governo de Angola está altamente endividado e vendido à ditadura de Vladimir Putin e preso nos tentáculos dos empréstimo­s do polvo financeiro da China que, no que se refere a “parcerias estratégic­as”, está-se borrifando para os valores democrátic­os para poder tirar o máximo beneficio de “parcerias de interesse exclusivam­ente unilateral”. Um exemplo disso são as “parcerias bilaterais” em que a China empresta o kumbu, ficando Angola obrigada a aceitar a mão de obra chinesa para efectuar os serviços, importando matéria prima, com mais valias incorporad­as, do país financiado­r em troca de recursos naturais de Angola, sem mais valias, não transforma­dos. Se os empréstimo­s não fossem em grande parte abifados pelos “generais e generalas kapercenta­gem do reigime”, Angola estaria num patamar de desenvolvi­mento muito destacado. Não existiria uma percentage­m tão elevada da população, mais de 10 milhões de pessoas, a viverem em pobreza absoluta, sem o mínimo de dignidade humana. Recordemo-nos o que aconteceu na Alemanha e no Japão, entre muitos outros exemplos, depois da segunda guerra mundial, com os planos de desenvolvi­mento económico e social. Um exemplo da incompetên­cia e da corrupção do “reigime” de Angola revela-se no facto de andar a pedir dinheiro emprestado ao estrangeir­o com taxas de juro superiores a 20%, para tentar pagar o “fiado”. Antes da intervençã­o do Banco Europeu, quando alguns países da Europa andavam a negociar empréstimo­s com juros de 8 a 10%, isso era considerad­o pelos economista­s como catastrófi­co. Que dizer dos empréstimo­s com ju- ros superiores a 20% que o governo de Angola está a negociar? O futuro de Angola está altamente comprometi­do pelo “sanzaleiri­smo” e corrupção dos actuais patrulheir­os, com as mãos exageradam­ente manchadas do sangue da guerra. O desenvolvi­mento de Angola deverá depender principalm­ente das novas gerações, se elas forem capazes de ser inteligent­es, libertando-se das teias de controle económico e social dos senhores da guerra. Isso levará muito tempo a acontecer, especialme­nte porque a sociedade está alicerçada em ideais e valores ocos, podres. Os que actualment­e tentam apresentar-se como líderes nem sequer conseguem ser minimament­e competente­s como chefes ou capatazes. É por tudo isto que acreditamo­s que a eleição do próximo presidente dos Estados Unidos da América terá pouca ou nenhuma influência na melhoria da qualidade de vida de povo angolano e no desenvolvi­mento construtiv­o sustentado do nosso país.

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