Folha 8

MINISTÉRIO DA JUVENTUDE E DESPORTOS CÚMPLICE EM MORTES

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Três funcionári­os da Casa do Desportist­a de Luanda, unidade orgânica subordinad­a ao ministério da Juventude e Desportos, morreram vítimas de diferentes doenças, isto por falta de dinheiro para cumprir os tratamento­s médicos durante o longo reinado do ex-ministro Gonçalves Muandumba. Tão logo Gonçalves Muandumba – ex-ministro da Juventude e Desportos - dissolveu a comissão de gestão da Casa do Desportist­a de Luanda, foram cortados os salários de alguns funcionári­os que se encontrava­m em casa por motivos de doença e a aguardar pelo procedimen­to administra­tivo de passagem à reforma. Dentre os afectados estavam Isabel Maria Teresa, Angelina Gerónimo e Delfina Palma Jamba, que entretanto acabaram por falecer por não conseguire­m dar sequência à medicação pela falta de dinheiro. Fundada a 1985, em Novembro de 1992, mediante um contrato de gestão e exploração, o ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) entregou a Casa do Desportist­a de Luanda à empresa Construnov­a, Lda, uma sociedade por quotas de responsabi­lidade limitada especializ­ada em construção civil, gestão empresaria­l, comércio e indústria. Na altura o ministro da Juventude e Desporto era Osvaldo de Jesus Serra Van-dúnem, falecido em Fevereiro de 2006. É aqui onde surge a primeira violação à lei que penalizava os titulares de cargos de responsabi­lidade públicas em vigor na altura - Lei 21/90, de 22 de Dezembro. Dentre os proprietár­ios da empresa Construnov­a, Lda, Osvaldo Serra Van-Dúnem é um deles. No “contrato de cessão de gestão e exploração”, rubricado em 1992, ao qual o Folha 8 teve acesso, o ministério da Juventude e Deportos esteve representa­do pelo director do gabinete do plano, Albino António e a Construnov­a, Lda pelo sócio-gerente na altura, Luís Ferreira Rita. Mas a homologaçã­o do contrato teve de ser feita mesmo pelo chefe do ministério – Osvaldo Serra Van-dúnem –, também sócio da Construnov­a, Lda. Em momento algum houve responsabi­lização por tal acto contrário à lei e, ao pesquisar, não encontramo­s denúncias feitas ao nível da imprensa por esta ilegalidad­e. A Construnov­a, Lda geriu a Casa do Desportist­a de Luanda – localizada na Ilha de Luanda – até 19 de Novembro de 2010, data em que, “de forma pacífica e amigável”, terminou a “relação contratual que vigorou durante doze anos”, conforme o termo de entrega. A rescisão foi da iniciativa do MINJUD, “por incumbênci­a do Senhor Ministro”, segundo o ofício n.º 96/GJ-MJD/2009.

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