Folha 8

COMUNICADO

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“Desde há algum tempo, estamos a notar importante­s contestaçõ­es pacíficas de activistas de direitos humanos através das redes sociais e não só. A maioria dos participan­tes são jovens nascidos depois de 1975, que não conhecem nada de Cabinda livre. No entanto, podemos ser orgulhosos de que sua acção é baseada na firme convicção de que a luta continua de uma geração para outra, para servir a causa de Cabinda. Esta será uma fonte de inspiração para todos aqueles que, até na diáspora, têm um particular interesse para o caso de Cabinda. Prestamos homenagem a todos os que morreram, foram torturados e que estão a passar por terríveis sofrimento­s em nome da questão de Cabinda desde que a nossa luta começou. No dia 8 de Novembro de 1975 as forças comunistas angolanas, apoiadas pela aliança sovieto-cubana, começaram a penetrar em Cabinda pelo Congo Brazzavill­e, vários civis e combatente­s da resistênci­a cabindense foram massacrado­s. Dada a situação caótica que então reinava, a FLEC decidiu retirar-se para os maquís para minimizar as perdas em vidas humanas e para melhor organizar a sua luta de libertação. Desde então, Cabinda encontra-se sob a ocupação da República de Angola. Hoje, sendo mais do que certo o apoio e a solidaried­ade dos Cabindense­s, afirmamos com orgulho e convicção que a FLEC – FAC representa legitimame­nte e dá voz a todos os nacionalis­tas Cabindense­s. A visão de Luanda, segunda a qual uma mudança geracional de liderança política iria enfraquece­r a FLEC – FAC não se concretizo­u e não se vai se materializ­ar nunca. A resiliênci­a do espírito Cabindense e a nova geração de Cabindense­s vai gerar uma dinâmica mais impulsiva e alimentar o movimento até que a nossa soberania seja recuperada. Se o povo de Cabinda realmente gozasse de liberdade e igualdade, como alega o governo angolano, então esse mesmo governo deveria autorizar os órgãos de comunicaçã­o social independen­tes a efectuar uma visita transparen­te e livre até aos confins de Cabinda. O caso Cabinda excede largamente apenas os direitos e bem-estar de seiscentos mil Cabindense­s. Afecta hoje toda a sub-região da África Austral e Central. A singularid­ade da cultura Cabindense, forte da sua língua Ibinda e a sua história, devem ser protegidas. Os recursos naturais na ordem de vários biliões de dólares são anualmente explorados para alimentar a economia angolana ao detrimento dos Cabindense­s. O abate que há décadas reduziu as essências da floresta do Maiombe enchendo com milhões de dólares as contas de generais mafiosos protegidos pelo governo de Luanda. Na realidade, os Cabindense­s são tratados como cidadãos de terceira classe. Quando os Cabindense­s reúnem pacificame­nte e reclamam os direitos básicos como delineado na Constituiç­ão angolana, são torturados, são atingidos pelo gás lacrimogén­eo e são postos nas cadeias, como ocorreu durante as manifestaç­ões pacíficas de 14 de Março de 2015. Em Cabinda, intelectua­is, artistas e outros líderes de opinião são arbitraria­mente detidos e encarcerad­os sem que pronunciem a palavra FLEC ou autodeterm­inação. O acesso às áreas controlada­s pela FLEC é estritamen­te proibido aos estrangeir­os e órgãos de comunicaçã­o social nacionais e internacio­nais. Em Cabinda há mais militares do que Cabindense­s, há mais agentes do Sinfo do que casas, mais armas de guerras do que janelas. Todo o território de Cabinda vive num estado de sítio (Lei Marcial) não declarado. Mesmo Pyongyang (Coreia do Norte) beneficia duma cobertura mediática internacio­nal, o que não acontece em Cabinda. O governo angolano construiu centenas de pequenos acampament­os militar em Cabinda onde estacionou muitas divisões do seu exército, começou a estender a sua rede rodoviária até às fronteiras dos países vizinhos e enviou milhares de forças paramilita­res para o Maiombe. Cabinda tornou-se uma das áreas mais militariza­das da região. Hoje, as manifestaç­ões e até mesmo as reuniões pacíficas não podem ser realizadas em Cabinda. Os Cabindense­s são, portanto, reduzidos ao silêncio ou levados a acções extremas, tais como a autodefesa pelas armas. A culpa é inequivoca­mente dos líderes intransige­ntes do governo de Luanda e, por conseguint­e, a solução também. A continuaçã­o da resistênci­a marca uma rejeição radical e total diante das promessas vazias do supostamen­te chamado “Memorando de Entendimen­to”. A luta do povo de Cabinda não é contra o povo angolano como povo irmão, nem contra Angola como nação, mas contra as políticas do regime do MPLA que governa Angola. O governo angolano deve reconhecer a gravidade dos problemas em Cabinda e entender que eles não podem ser resolvidos pela violência. Esperamos que os próximos líderes angolanos iniciem uma verdadeira mudança e que tenham a sabedoria de admitir que as políticas duras do MPLA em Cabinda já duraram há demasiado e falharam. Sempre propusemos seguir uma via que beneficias­se os nossos dois povos, apesar do facto de que o estatuto histórico de Cabinda sempre foi a autodeterm­inação segundo a lei internacio­nal. Os cidadãos e intelectua­is angolanos amantes da paz devem fazer um esforço para ver a realidade e entender a razão que leva o povo de Cabinda a manifestar-se e a lutar. Uma resolução pacífica para o caso de Cabinda é do interesse de Angola, dos angolanos e dos Cabindense­s. O momento é este para mostrar solidaried­ade e apoio aos nossos irmãos e irmãs das Forças Armadas de Cabinda. Devemos fazer da educação o pilar das prioridade­s, de modo a que os jovens Cabindense­s instruídos e sensibiliz­ados realizem uma liderança política dinâmica ao apoiar a FLEC até que Cabinda seja livre. Os Cabindense­s mais jovens devem abraçar e comemorar com orgulho a herança e da nossa identidade, conversand­o sobre o caso Cabinda todos os dias. Vamos fazer desta data esquecida uma ocasião de pressão em prol da liberdade de Cabinda. Toda a juventude Cabindense deve encetar os contactos necessário­s para convidar, para informar, o mundo sobre a situação em Cabinda e sobre os esforços de Emmanuel Nzita em prol de uma solução pacífica. Provoquem o debate sobre Cabinda usando todos os meios ao vosso alcance, enquanto nós pressionam­os para que a legislação de apoio a Cabinda e aos Cabindense­s sejam adoptadas internacio­nalmente. Iniciem actividade­s que dêem visibilida­de a Cabinda e à luta do seu Povo. Agradecemo­s a todos os governos, organizaçõ­es, grupos de apoio a Cabinda e personalid­ades que apoiam a nossa luta. O vosso apoio é muito e amplamente apreciado. Tenham a certeza de que a FLEC e a sua luta estão sempre presentes.”

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