Folha 8

E POR Cá O MPLA SORRI

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O regime de José Eduardo dos Santos pode agora livremente mostrar que estava do lado de Donald Trump. Ele é o “amigo americano” a quem o MPLA pagou a organizaçã­o de um concurso de Miss Universo, por coincidênc­ia vencido por uma angolana, em Luanda, capital de um país que é líder mundial em mortalidad­e infantil e em muitas epidemias provocadas pela negligênci­a, nepo- tismo e incompetên­cia de um governo corrupto. A empresa Miss Universo de Donald Trump não veio a Angola matar a fome dos pobres, veio alimentar o ego dos novos ricos e lucrar com a negociata das meninas. Todos sabemos que Barack Obama, de quem Hillary Clinton seria uma seguidora, é pessoa não grata do regime angolano, apesar de o actual presidente norte-americano ser muito admirado e respeitado pela grande maioria dos angolanos. Todos nos recordamos do discurso de Barack Obama na União Africana, criticando directamen­te os presidente­s africanos déspotas e corruptos, como são os casos de Dos Santos, Obiang ou Mugabe. Como é que os “altos dirigentes” do MPLA reagiram a esse discurso? Metendo o rabo entre as pernas. Que cobertura foi dada nos órgãos oficiais do MPLA (JA, TPA, RNA)? Nenhuma, porque a verdade incomoda e pode desmascara­r a demagogia que silencia, manipula e reprime a opinião pública de muitos angolanos. Na verdade, Dos Santos prefere a demagogia de Trump, seu sósia, em vez da defesa dos direitos humanos e da dignidade dos cidadãos, no que se tem destacado Barack Obama e Hilary Clinton, para a melhoria dos mais desfavorec­idos, desde os primeiros anos como advogada nos Estados do Arkansas e Massachuse­tts. A vitória de Trump terá pouca ou nenhuma influência em Angola, no curto e médio prazo, porque todos sabemos a situação em que se encontra o nosso país. O governo de Angola está altamente endividado e vendido à ditadura de Vladimir Putin e preso nos tentáculos dos empréstimo­s do polvo financeiro da China que, no que se refere a “parcerias estratégic­as”, está-se borrifando para os valores democrátic­os para poder tirar o máximo benefício de “parcerias de interesse exclusivam­ente unilateral”. Um exemplo disso são as “parcerias bilaterais” em que a China empresta o kumbu, ficando Angola obrigada a aceitar a mão-de-obra chinesa para efectuar os serviços, importando matéria prima, com mais valias incorporad­as, do país financiado­r em troca de recursos naturais de Angola, sem mais valias, não transforma­dos. É por tudo isto que acreditamo­s que a eleição de Donald Trump terá pouca ou nenhuma influência na melhoria da qualidade de vida de povo angolano e no desenvolvi­mento construtiv­o sustentado do nosso país.

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