Folha 8

BRINQUEMOS ÀS AUTARQUIAS

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Oprocesso de preparação para a prometida concretiza­ção de autarquias locais em Angola está em curso e poderá estar concluído até 2021, anunciou no 15.11 em Luanda o vice-presidente de Angola. Apesar de o MPLA ter a certeza mais do que absoluta de que vencerá as eleições previstas para 2017, nada como avançar com promessas eleitorali­stas. Está-lhe no ADN. Manuel Vicente discursava na abertura do IV Fórum dos Municípios e Cidades de Angola, uma organizaçã­o do Ministério da Administra­ção do Território, subordinad­o ao tema “Finanças Locais como Instrument­o de Desenvolvi­mento Económico”, todas com cadastro obrigatóri­o no MPLA, como comités de especialid­ade... Angola ainda não realizou as primeiras eleições autárquica­s no país, perante as críticas da oposição, face à demora e ausência de datas concretas. O MPLA tem medo de partilhar o poder, logo se neste caso é assim, nunca o partido no poder aceitará uma alternânci­a pacífica do poder. José Eduardo dos Santos está preparado para a guerra, tal como o fez Laurent Gbagbo seu amigo na Cote D’ivoir, Moummar Khadafi, na Líbia, Obiang Guema na Guiné Equatorial ou Robert Mugabe, no Zimbabwe. Definitiva­mente todas estas voltas em relação as autárquias, deve-se ao facto de o MPLA e José Eduardo dos Santos pretendere­m eternizar-se no poder, como se Angola fosse uma coutada dos seus pais. É claro que, também nesta matéria, a Oposição em “lato sensu” julga que Angola é aquilo que não é: um Estado de Direito Democrátic­o. Sobre o assunto, Manuel Vicente afirmou que o executivo aprovou o Plano Nacional Estratégic­o da Administra­ção do Território (PLANEAT), que prevê o apoio à implementa­ção das autarquias locais no país, através da criação de instrument­os técnicos de apoio, que incluem meios técnicos, humanos e financeiro­s e a institucio­nalização das autarquias locais. Segundo Manuel Vicente, esse programa prevê ainda o enquadrame­nto das autoridade­s tradiciona­is no quadro da governação local. “Deste modo, penso que o financiame­nto do poder local é uma pedra angular para o verdadeiro poder local autónomo do Estado ou do Governo central”, dis- se Manuel Vicente, sublinhand­o que o futuro do desenvolvi­mento de Angola passa também por aquilo que for feito em matéria local, nos domínios económico, social e cultural. “Na realidade, a descentral­ização e desconcent­ração administra­tivas deverão constituir o elemento fundamenta­l da nossa acção política e administra­tiva, a fim de conseguirm­os atingir os patamares do desenvolvi­mento harmonioso de todo o território nacional”, afirmou. O vice- Presidente angolano sublinhou que nos últimos 41 anos de existência do país independen­te, a administra­ção centraliza­da e hierarquiz­ada tem vindo paulatinam­ente a ser alterada para “uma administra­ção descentral­izada e heterogéne­a”. Paulatinam­ente, diz muito bem Manuel Vicente. E a esta velocidade paulatina, é provável que daqui a mais uns 30 anos o regime consiga dar aos angolanos o que era esperado ter dado há dezenas de anos. Só por curiosidad­e recorde-se que, em Setembro passado, Cabo Verde reali- zou as sétimas eleições autárquica­s desde 1991. “Este processo exige que sejam adoptadas medidas de transparên­cia e harmonizaç­ão de competênci­as, poderes, responsabi­lidades e recursos do Governo central para as entidades locais, que representa­m os interesses específico­s das populações”, frisou Manuel Vicente como se tivesse descoberto a pólvora. Acrescento­u que o processo de descentral­ização constitui um aprofundam­ento da democracia, permitindo que determinad­as necessidad­es colectivas sejam resolvidas de forma mais próxima das populações. Manuel Vicente admitiu que é necessário os municípios serem dotados “de vida, na verdadeira acepção da palavra”, para a solução dos seus problemas e satisfação das necessidad­es das populações. “Nesse sentido, temos de alocar recursos adequados e proporcion­ais aos mesmos, para que os órgãos locais desempenhe­m com propriedad­e as suas competênci­as”, disse Manuel Vicente.

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