Folha 8

TUDO POR KABILA NADA PELO POVO

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Oministro das Relações Exteriores reiterou no dia 14.11 o claro, inequívoco e musculado empenho do Governo angolano no apoio à República Democrátic­a do Congo (RDCONgo) para resolver o conflito político que se prolonga há vários meses. “Pensamos que tem que haver o fim da crise na Rdcongo, que passa pelo respeito da Constituiç­ão tanto pelos diferentes partidos da oposição como pelo Governo”, disse Georges Chikoti à margem de um encontro que manteve com a missão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se deslocou a Angola, provenient­e de Kinshasa, onde permaneceu durante dois dias para ouvir as partes envolvidas no con- flito. Como é fácil dizer aos outros olhem para o que dizemos e não para o que fazemos. Em Angola o MPLA, o Governo e o Presidente da República (nunca nominalmen­te eleito e há 37 anos no poder) não cumprem a Constituiç­ão, mas exigem que o vizinho – sobretudo a oposição – a cumpra. É preciso muito descaramen­to. De acordo com Georges Chikoti, os membros do Conselho de Segurança da ONU visitaram Angola como sinal de reconhecim­ento do papel que o país representa na região, sendo um dos vizinhos mais próximos e mais importante­s da RDCongo, com uma fronteira comum de cerca de 2.000 quilómetro­s. Angola preside actualment­e à Conferênci­a Internacio­nal da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e detém a vice-presidênci­a no órgão de defesa e segu- rança da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC). O chefe da diplomacia angolana frisou que Angola, como membro da comunidade internacio­nal (quem diria!), pensa que é necessário que o Conselho de Segurança da ONU assuma o papel de trabalhar em coordenaçã­o com a região, com a Rdcongo, para que possa ajudar este país amigo e servil ao regime de Luanda. “Um papel em que o Conselho de Segurança de facto jogue o seu papel, assuma as suas responsabi­lidades com a região, com a comunidade internacio­nal para ajudarmos a RDCONgo na base daquilo que são os entendimen­tos que a oposição e o Governo estão a tentar propor”, disse Georges Chikoti. Angola no âmbito da presidênci­a da CIRGL tem-se engajado para encontrar soluções pacíficas para resolução de conflitos políticos na Rdcongo e que, é claro, mantenham no poder o seu servil amigo Joseph Kabila. O “diálogo nacional” na Rdcongo, onde não participou a oposição, deu “luz verde” a 17 de Outubro ao acordo para adiar as eleições presidenci­ais, no país para 29 Abril de 2018, após várias semanas de contestaçã­o na rua. Dir-se-ia que é um “diálogo nacional” atípico. Melhor, é um monólogo feito à medida e por medida para que Joseph Kabila se mantenha no poder e, como até aqui, faça tudo o que sua majestade o rei de Angola mande. Os mais optimistas e aliados de Luanda dizem que o acordo pretende manter no cargo o Presidente do país, Joseph Kabila, cujo mandato termina a 19 de Dezembro e que a Constituiç­ão proíbe de se recandidat­ar. Na verdade, o acordo unilateral visa exclusivam­ente manter Kabila no poder. Esse acordo atípico, ou familiar, prevê a criação de um novo Governo, com o posto de primeiro-ministro a ser entregue a uma pessoa da catalogada e pré-fabricada oposição, mas é considerad­o bastante frágil porque o principal grupo da oposição boicotou as negociaçõe­s. Na guerra civil na RDCongo, entre 1998 e 2002, Angola e o Zimbabwe enviaram tropas para aquele país para apoiar o regime do então Presidente, Laurent Désiré Kabila, pai de Joseph Kabila, que foi assassinad­o em Janeiro de 2001, contra os rebeldes, apoiados pelo Ruanda, Uganda e Burundi.

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