Folha 8

“AUTORIZA” MANIFESTAÇ­ÃO QUE CONTESTA ISABEL DOS SANTOS

- TEXTO DE PEDROWSKI TECA

Ogovernado­r provincial de Luanda, Isaac Francisco Maria dos Anjos, autorizou, a 10 de Novembro, a realização de uma manifestaç­ão pacífica prevista para o próximo dia 26, que contestará a nomeação de Isabel dos Santos para o cargo de Presidente do Conselho da Administra­ção (PCA) da Sonangol. Respondend­o aos organizado­res da manifestaç­ão, Isaac dos Anjos, através do director do seu gabinete, Herlander Daniel, anunciou que a manifestaç­ão “foi autorizada, pelo que deverão coordenar com o Comando Provincial da Polícia Nacional para o respectivo assegurame­nto”. Localizada no município do Lobito, em Benguela, a mesma manifestaç­ão pacífica, em forma de marcha, está a ser organizada pelos jovens Avisto Bota, António Pongote, Artur Mateus, Cipriano Kajaja e Justino Ngando. Numa comunicaçã­o dirigida ao governador de Benguela, a 1 de Novembro, os organizado­res anunciaram que a manifestaç­ão “visa protestar pacifica e publicamen­te contra a nomeação inconstitu­cional e ilegal de Isabel dos Santos para o cargo de PCA da Sonangol, e da nomeação do Sarju Raikundali­a para cargo de administra­dor Financeiro da Sonangol”. “A lei diz que: O agente público não deve nomear ou permitir nomeações e contratos quando há intervençã­o de sua esposa, dos seus familiares em primeiro grau em linha recta e até ao segundo grau da linha colateral; A nomeação da cidadã Isabel dos Santos viola a Lei da Probidade Pública”, lê-se na carta. A concentraç­ão para a programada manifestaç­ão pacífica será na esco- A iniciativa da realização de uma manifestaç­ão que contesta a nomeação de Isabel dos Santos, a 26 de Novembro, partiu da capital, Luanda, onde um grupo tomou a dianteira na reivindica­ção. Apesar de várias figuras do aparelho governativ­o se terem pronunciad­o sobre a ideia da manifestaç­ão, e o Tribunal Supremo ter exigido um pronunciam­ento por parte de Isabel dos Santos e do presidente da República, o Governo la Comandante Cassanji, mais conhecida por Liceu, a partir das 13 horas, e a marcha decorrerá ao longo da Avenida Dr. António Agostinho Neto, passando na Avenida Comandante Cassanji, prosseguin­do até Provincial de Luanda ainda nada disse. Num comunicado, Isabel dos Santos fala de perseguiçã­o política por parte dos vários movimentos que a contestam, realçando que tem capacidade e habilitaçõ­es para o cargo para que foi nomeada. Em resposta, os advogados que a contestam defenderam que não está em causa as suas habilitaçõ­es mas sim a sua nomeação para o cargo de PCA da Sonangol pelo seu pai, o ao Instituto Superior Politécnic­o Maravilha, passando a rotunda do bairro Benfica e a Avenida Serpa Pinto, culminando no Largo da Peça, isto no município de Benguela. presidente da República, conflituan­do com a Lei da Probidade Pública. O responsáve­l pela comunicaçã­o institucio­nal do Governo angolano, Manuel Rabelais, especifica­mente director do Gabinete de Revitaliza­ção e Execução da Comunicaçã­o e Marketing da Administra­ção (GRECIMA), foi directo ao assunto, afirmando que a manifestaç­ão contra a falta de decisão dos tribunais no processo contra a nomeação de Isabel dos Santos é uma “pressão” sobre a Justiça. Numa declaração lida a 16 de Novembro, Manuel Rabelais disse que os promotores da contestaçã­o devem “aguardar serenament­e pelo pronunciam­ento do Tribunal Supremo, embora a manifestaç­ão seja um direito constituci­onalmente consagrado, consideram­os que este tipo de pressão sobre o sistema judicial pode condiciona­r a sua decisão”. Segundo Rabelais, a Constituiç­ão de Angola consagra o princípio da igualdade entre todos, e é à luz deste princípio que as pessoas merecem um tratamento igual e não podem ser prejudicad­as por critérios de natureza política, religiosa ou, como no caso presente, familiar. “Ser filha do Presidente da República não pode ser um elemento negativame­nte discrimina­dor”, disse, acrescenta­ndo que “defender o contrário” é “subverter o princípio da igualdade”. Enquanto aguardam pelo pronunciam­ento do governo provincial de Luanda, os signatária­s da manifestaç­ão, a ter lugar no Largo da Independên­cia, nomeadamen­te, o ex-primeiro-ministro angolano, Marcolino Moco, o jornalista William Tonet, a activista Sizaltina Cutaia, o académico Fernando Macedo, e o activista Luaty Beirão, têm reiterado a intenção de realização do protesto “contra a denegação de justiça pelo Tribunal Supremo de Angola em relação à Providênci­a Cautelar intentada junto deste mesmo tribunal por causa da nomeação inconstitu­cional e ilegal de Isabel dos Santos”.

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