Folha 8

A CANDONGA NA FORÇA AÉREA NACIONAL

- TEXTO DE SEDRICK DE CARVALHO Avião Légasse, onde são transporta­dos os oficiais superiores

Depois de denunciarm­os, na edição de 12/11, que aviões da Força Aérea Nacional, ramo aéreo das Forças Armadas de Angola (FAN-FAA), são usados para transporta­r militantes do MPLA para os campos de férias do alcoolismo organizado­s anualmente pela JMPLA, eis que agora avançamos aqui o serviço de transporte de passageiro­s civis mediante pagamento. É um negócio feito descaradam­ente à luz do dia, sem receio algum, e que envolve desde simples soldados a generais. Deslocamo-nos ao Terminal Aéreo de Carga Militar (TACM), e lá acompanham­os o funcioname­nto do “esquema”. Eram 19H quando chegamos ao TACM. Um militar na porta pediu a nossa identifica­ção, e entregamos os bilhetes de identidade. Quando nos devolvia apareceu outro agente que pediu os documentos novamente e, num tom baixo, disse-nos para o seguirmos. “Quando vocês chegam aqui não podem falar com qualquer gajo. Diz só que vieram falar com o chefe Leo e entram”, orientou o sargento-maior Leo, que usava um braçal com as iniciais R.E.S, que significa responsáve­l pela segurança do estabeleci­mento. Para confirmar o negócio, simulamos que queríamos transporta­r três toneladas de peixe seco até ao Moxico, quantidade que despertou o interesse do sargento-maior Leo e outros colegas que apareceram ao longo de quase uma hora de negociação. “Tens de falar com o chefe Mário para saber se tem espaço no armazém para colocar lá a carga, porque hoje não tem escala para o Moxico. Mas depois volta aqui para agilizarmo­s o mambo”, informou um tenente, que dormia quando nos aproximamo­s dele, visivelmen­te um pouco embriagado, quando lhe foi explicado “o movimento”. Mário, pelo que percebemos, é o responsáve­l pela carga e descarga do terminal militar, e, sem a anuência dele, nenhuma mercadoria é transporta­da nos aviões militares. O sargento Leo levou-nos à caserna onde deveria estar o “chefe Mário”. Não estava. Leo teve uma breve discussão com outro sargento que não queria dizer onde se encontrava Mário, deu ordens a um “fuzileiro” para se preparar porque partiria no dia seguinte no avião que levaria bispos a Cabinda e retornamos à caserna-gabinete do “chefe Mário”. Desta vez apareceu Siloi, que trabalha directamen­te com Mário, pelo que percebemos. Este garantiu que Mário já não estava na unidade, mas que podia ligar ao mesmo.

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