A CANDONGA NA FORÇA AÉREA NACIONAL
Depois de denunciarmos, na edição de 12/11, que aviões da Força Aérea Nacional, ramo aéreo das Forças Armadas de Angola (FAN-FAA), são usados para transportar militantes do MPLA para os campos de férias do alcoolismo organizados anualmente pela JMPLA, eis que agora avançamos aqui o serviço de transporte de passageiros civis mediante pagamento. É um negócio feito descaradamente à luz do dia, sem receio algum, e que envolve desde simples soldados a generais. Deslocamo-nos ao Terminal Aéreo de Carga Militar (TACM), e lá acompanhamos o funcionamento do “esquema”. Eram 19H quando chegamos ao TACM. Um militar na porta pediu a nossa identificação, e entregamos os bilhetes de identidade. Quando nos devolvia apareceu outro agente que pediu os documentos novamente e, num tom baixo, disse-nos para o seguirmos. “Quando vocês chegam aqui não podem falar com qualquer gajo. Diz só que vieram falar com o chefe Leo e entram”, orientou o sargento-maior Leo, que usava um braçal com as iniciais R.E.S, que significa responsável pela segurança do estabelecimento. Para confirmar o negócio, simulamos que queríamos transportar três toneladas de peixe seco até ao Moxico, quantidade que despertou o interesse do sargento-maior Leo e outros colegas que apareceram ao longo de quase uma hora de negociação. “Tens de falar com o chefe Mário para saber se tem espaço no armazém para colocar lá a carga, porque hoje não tem escala para o Moxico. Mas depois volta aqui para agilizarmos o mambo”, informou um tenente, que dormia quando nos aproximamos dele, visivelmente um pouco embriagado, quando lhe foi explicado “o movimento”. Mário, pelo que percebemos, é o responsável pela carga e descarga do terminal militar, e, sem a anuência dele, nenhuma mercadoria é transportada nos aviões militares. O sargento Leo levou-nos à caserna onde deveria estar o “chefe Mário”. Não estava. Leo teve uma breve discussão com outro sargento que não queria dizer onde se encontrava Mário, deu ordens a um “fuzileiro” para se preparar porque partiria no dia seguinte no avião que levaria bispos a Cabinda e retornamos à caserna-gabinete do “chefe Mário”. Desta vez apareceu Siloi, que trabalha directamente com Mário, pelo que percebemos. Este garantiu que Mário já não estava na unidade, mas que podia ligar ao mesmo.