A CRISE IMPOSTA PELA OPOSIÇÃO
Aeconomia angolana gerou, no período 2009 a 2015, 1.544.417 postos de trabalho, segundo dados do relatório de suporte ao debate mensal da Assembleia Nacional que levou à discussão “Indicadores do Crescimento Económico e a Distribuição da Renda Nacional em Angola”. Tudo, é claro, graças a divina visão de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. Deste número de empregos, 1.360.562 foram gerados pelo sector empresarial público e privado, enquanto 183.855 foram criados pelos serviços da administração pública. Na apresentação do relatório de suporte ao debate, destaca-se que Angola cresceu, entre 2004 a 2008, a uma média anual de 17%, um dos países que mais cresceu no mundo naquele período. Tudo, nunca é demais dizê-lo, graças a visão estratégica do “querido líder”. De acordo com o documento, em 2008 surgiu a crise económica e financeira mundial, com reflexos na economia Angola, que a partir de 2009 até 2015 apresentou taxas de crescimento médias anuais de 4,2%. Aqui tudo se ficou a dever á contra- revolucionária actuação da Oposição. A diminuição das taxas de crescimento económico, a partir de 2014, deveu-se – de acordo com a única análise válida, a do regime/mpa - à forte e inesperada queda do preço do petróleo no mercado internacional, que se verificou a partir do segundo semestre deste ano e que fez o país mergulhar na crise que vive até agora. Não se sabe ao certo, mas segundo João Pinto, perito dos peritos do regime, a culpa continua a ser de Jonas Savimbi e da UNITA. No documento, destaca-se que ao longo do período 2009-2015, o crescimento médio anual do sector petrolífero foi negativo (-0,78%), quando a economia no seu todo cresceu em média anual de 4,2%, fruto do contrabalanço do sector não petrolífero, que registou um crescimento de 7%, com destaque para agricultura 11%, indústria 8%, construção (11,9%) e energia com 14,3%. O relatório, que serviu de base para discussão dos parlamentares angolanos, salienta que apesar da redução do peso do sector petrolífero na estrutura do Produto Interno Bruto de 58% em 2008 para 35% em 2015, o petróleo ainda continua a ser o principal produto de exportação de Angola e a principal fonte de receitas tributárias do Estado. Tal como previa o “escolhido de Deus”, ou não estivesse nos comandos do reino há 37 anos. Fruto do crescimento económico e das políticas implementadas pelo Governo (o mesmo desde 1975), Angola, que em 2002 tinha um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,39, em 2014 alcançou um IDH de 0,532, facto que colocou o país na posição 149 num uni- verso de 188 países. No conjunto dos países analisados, Angola teve a 3ª taxa mais elevada de crescimento anual do Índice de Desenvolvimento Humano, apenas superado pelo Ruanda e Etiópia. Também continua a ser um dos países mais corruptos do mundo e o país que tem o maior índice de mortalidade infantil do mundo. É claro que, neste caso, a culpa é da Oposição. Adalberto da Costa Júnior, líder da bancada parlamentar da UNITA, enfatiza que com os recursos arrecadados durante o “boom económico” Angola tinha que realizar investimentos substantivos e de referência. “Pensamos que poderíamos realizar muito mais do que fizemos”, disse. Por sua vez, Manuel Fernandes, deputado da CASA-CE, considera que com o crescimento verificado entre 2004 e 2013, o Governo devia aumentar a produção nacional de bens e serviços fora do sector petrolífero, como na agricultura, indústria, pescas, turismo, com a consequente criação de mais postos de trabalho e a melhoria das condições de vida das famílias angolanas. Ao rebater as questões levantadas pelos parlamentares da oposição, Sérgio Santos, deputado do MPLA, fazendo recursos das estatísticas do INE sobre o IBEP- inquérito sobre o bem-estar da população, disse que com os números apresentados pelo Instituto de Estatísticas demonstram que mais de 16 milhões de angolanos estão acima da linha da pobreza, um demonstrativo dos progressos registados nos últimos 14 anos. Modéstia do regime. Na verdade, diria Luvualu de Carvalho, no país não há angolanos pobres. Os milhões de pobres que por cá estão não são angolanos propriamente ditos. O político do MPLA reconhece que Angola ainda tem muitas pessoas na pobreza, mas tem uma classe média que emerge, e uma classe rica que não existia, demonstrando que há de facto uma distribuição da renda nacional nestes 14 anos. “Não foi uma distribuição rápida, nem tão abrangente como pretendíamos, isso é verdade”, acentuou.