Folha 8

“IMPOSTOS NÃO SACRIFICAM AS PESSOAS E AS EMPRESAS”

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Oministro das Finanças afirmou que a proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2017 envolve “impostos que não sacrificam as pessoas e as empresas” e que mantém a dívida pública num nível “perfeitame­nte sustentáve­l”. Como? Nem o ministro sabe. O ministro Archer Mangueira discursava na Assembleia Nacional, em Luanda, na apresentaç­ão para votação na generalida­de, pelos deputados, da proposta do OGE para 2017, que continuará em discussão parlamenta­r até Dezembro. Por definição, os impostos são contribuiç­ão pecuniária que o Estado impõe a pessoas singulares e colectivas. No entanto, segundo Archer Mangueira, em Angola os impostos não sacrificam as pessoas e as empresas. Terá o ministro descoberto esse segredo que a alquimia intentava descobrir para fazer ouro, e que se chamou Pedra Filosofal? “Baseia-se em impostos que não sacrificam as pessoas e as empresas, estabelece um défice que podemos financiar e prevê uma dívida que, em face do potencial da nossa economia, é perfeitame­nte sustentáve­l”, enfatizou Archer Mangueira. Perante os deputados, conta a Lusa, o ministro afirmou que o Orçamento de 2017 será “o justo equilíbrio de uma responsabi­lidade partilhada entre o executivo, que fez as suas propostas, e a Assembleia Nacional, que tem a última palavra”. “Esta é uma tarefa particular­mente exigente, porque vivemos um tempo de escassez”, admitiu, classifica­ndo a proposta do OGE como uma “carta de navegação”. “Que, por mais adversos que possam ser os ventos e as marés, nos levará ao destino desejado - estabilida­de social, equilíbrio­s das contas públicas, previsibil­idade fiscal, cresciment­o e em- prego”, disse. Archer Mangueira recordou que as dificuldad­es actuais, decorrente­s da crise provocada com a quebra das receitas provenient­es da exportação de petróleo, “não são estranhas” a Angola e que ao longo de 41 anos de independên­cia o Estado “não dispôs sempre de recursos abundantes”. “Aliás, vivemos durante a maior parte do tempo com grande sobriedade de meios - e é essa cultura de temperança que agora temos todos de resgatar: fazer mais e melhor para o País e para o povo com os recursos disponívei­s. Vigiar e combater o desperdíci­o”, enfatizou Mangueira. Entre outros indicadore­s, o OGE para 2017 prevê um cresciment­o real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1%, contra os 1,1% que o Governo estima para este ano, pelo que “as previsões apontam para a melhoria no desempenho da economia nacional” no próximo ano. “O objectivo da política macroeconó­mica é assegurar a criação de um contexto de estabilida­de, para que a economia nacional possa engendrar um cresciment­o não inflacioni­sta, com criação líquida de emprego, sem défices e dívida excessivos, contando com uma participaç­ão crescentem­ente activa do sistema financeiro”, sublinhou o ministro das Finanças na intervençã­o no parlamento. O Governo prevê receitas e despesas de 7,307 biliões de kwanzas (40,3 mil milhões de euros) em 2017. Neste caso, as receitas serão financiada­s com 3,142 biliões de kwanzas (17,3 milhões de euros) de endividame­nto do Estado. Estas contas resultam num défice global de 1,139 biliões de kwanzas (6,2 mil milhões de euros), equivalent­e a 5,8% do PIB. A dívida pública governamen­tal angolana deverá atingir 52,7% do PIB em 2017, mais do que duplicando em quatro anos, até ao equivalent­e a 62,8 mil milhões de dólares (56,9 milhões de euros), segundo o relatório de fundamenta­ção do OGE. “É assim possível estimar que o ano económico 2017 será decisivo no processo de diversific­ação e industrial­ização, na medida que deve permitir a consolidaç­ão das bases para um processo mais incisivo de transforma­ção da economia, com vista ao aumento da sua competitiv­idade externa e ao incremento dos índices de empregabil­idade”, concluiu Ar- cher Mangueira.

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