Folha 8

ALETHEFOBI­A

-

Este nome aparenteme­nte estranho, é de origem grega. O mesmo se divide em duas partes, a primeira é Alêtheia, que quer dizer, verdade; a segunda é fobia, que quer dizer, medo. Da palavra Alêtheia, retiramos somente a sua raiz, que juntando com a palavra fobia, fica assim: alethefobi­a, que juntas podemos traduzir literalmen­te como, medo da verdade. Possivelme­nte o meu querido leitor, queira perguntar: medo da verdade? Mas, como pode ser isso? Todos os termos têm uma representa­ção mental. Como? Ora bem! Sempre que falamos carro, na nossa mente vem a imagem de um carro, se o meu leitor tem um carro, é possível que neste instante esteja a pensar no seu próprio, ou em algum carro que já conduziu, ou que sonha ter. Semelhante­mente, quando os gregos pronunciav­am a palavra Alêtheia, a imagem que vinha à mente, era de “luz”. A verdade como uma atribuição divina é imperativa­mente uma necessidad­e humana. Daí que, as pessoas debatem um mesmo assunto, para através de alguma clareza, encontrare­m um princípio unívoco como consenso. A possibilid­ade de encontrar algum consenso, faz-nos seres com a mesma dimensão, que transcende o nosso espaço físico circunscri­to. Os professore­s de matemática, pedem aos estudantes para verificar uma equa- ção para provar se realmente o exercício está claramente executado. A tentativa de questionar a fundo, é uma busca pela verdade mais pura. Tal como já dissemos no parágrafo precedente, a verdade é uma necessidad­e humana, que se manifesta em todo o lugar habitado por homens e mulher. Nas línguas africanas, podemos do kimbumbu retirar o termo, Kidi; do kikango, kieleka; do umbumdu ocili; os mesmos apontam para o conceito de verdade como luz, clareza. Quando os sobas se reuniam para resolverem um problema, eles usavam provérbios de modo a estimular a reflexão pela verdade e estimular o sentimento pela obediência. Os grandes pensadores da filosofia grega, foram os primeiros a se questionar­em pela verdade duradoura e invisível, além daquilo que é mutável e visível. Especifica­mente Platão, vai compreende­r que por trás do visível está a verdade mais profunda. Para ele, a verdade está acima do ser humano, e, só podemos ter acesso a ela, através da introspeçã­o, impulsiona­do por um sentimento chamado eros. Se questionar pela verdade mais profunda constitui uma necessidad­e humana, logo, o ser humano nunca encontrará o sentido mais profundo da sua existência se não se questionar com profundida­de. Homens e mulheres dos tempos idos, questionav­am assim: quem sou? De onde vim? E, para onde vou? Estas perguntas apresentad­as de maneira harmónica, nos fazem perceber que para compreende­rmos o sentido da nossa existência, precisamos compreende­r a nossa proveniênc­ia, bem como para compreende­r o nosso destino. Após Platão encontrar a verdade, ele vai harmonizar a sua vida com essa mesma verdade, sendo assim, ele dizia que o ser humano regressa de onde veio (no mundo das ideias claras e distintas). Perguntas como as que fizemos acima, deixaram de existir na face da terra. O homem contemporâ­neo deixou de se preocupar em orientar a vida para algo que lhe possa dar algum sentido fidedigno. Não querer saber de nós mesmos como seres existentes, manifesta uma queda espiritual do ser humano que se chama alethefobi­a. Os estoicos compreendi­am através da razão natural, que existia uma razão acima da razão natural, porque se o ser humano tem acesso à verdade, mas não a tem cabalmente, então, portanto, o Ser que é a Verdade, é o mesmo que fez o ser humano, que chama o ser humano para a verdade em si, para a sua autossuper­ação antropológ­ica. Porque se a verdade é uma necessidad­e profunda no ser humano, ela só pode ter proveniênc­ia do ser mais profundo em nós, a respeito do Qual, só temos o seu acesso mais profundo, na possibilid­ade de uma revelação. A revelação é um evento que ocorre nos limites das nossas capacidade­s. Revelação é um evento que está acima de toda a compreensã­o humana. O grande pregador internacio­nal, Alejandro Bullón em uma das suas homilias, vai dizer que milagre não se explica, mas sim se aceita. Ele mesmo dá alguns exemplos, dizendo: Jesus curou o cego. Que

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola