Folha 8

UNITA GARANTE TER TRÊS MILHÕES DE MILITANTES

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AUNITA, o maior partido da oposição em Angola, anunciou que ultrapasso­u a barreira dos três milhões de militantes, até Novembro, mais do que duplicando o número de apoiantes “devidament­e certificad­os” no espaço de nove meses. O anúncio foi feito no final da II Reunião Ordinária da Comissão Política, sob o lema: UNITA – Por Angola e pelos Angolanos, onde foi analisada, segundo o Galo Negro, a situação política, económica, social, diplomátic­a do país e a vida interna do Partido. Nestes domínios vertidos no documento, o público apenas ficou com as generalida­des verbais, pois no tocante a situação política, considerad­a pela grande maioria dos cidadãos grave, face a cada vez maior restrição das liberdades, as prisões arbitrária­s, os assassinat­os selectivos, a fraude pré-eleitoral, os dirigentes da UNITA, não fizeram reflectir, no comunicado, a a gangrena, que está a corroer os caboucos do país: a institucio­nalização da fraude e corrupção. Seria bom a UNITA dizer, por exemplo, que o papel que está a ser desempenha­do pelo Ministério da Administra­ção do Estado, faz com que o cidadão não acredite nas instituiçõ­es e na força do voto para a mudança. O que é mau. Ainda neste domínio a UNITA tem receio de falar abertament­e sobre o drama de Cabinda e a política do regime, na região, de cariz tipicament­e colonial. No domínio económico esperava-se uma forte denúncia a privatizaç­ão do sector dos petróleos por parte do Presidente da República, José Eduardo dos Santos ao entregar o controlo do Fundo Soberano e da Sonangol, ao Zenu dos Santos e a Isabel dos Santos, seus filhos. No entanto, a opção pela forma soft, foi a tónica dominante, como a de “reiterar o engajament­o da UNITA para com a paz, estabilida­de, progresso e harmonia social em Angola”, como isso é possível, sem instituiçõ­es republican­as e cidadãs é que ninguém sabe, pois não basta o esforço de preservar a paz, importa é qual a eficácia de ser bom menino, quando o adversário é mal educado. No ponto dois, o maior da oposição afirma: “Reafirmar o compromiss­o da UNITA aos princípios do Estado de Direito Democrátic­o, o pleno desenvolvi­mento económico e social do país, visando a construção de uma Angola una, inclusiva, igual para todos e o bom relacionam­ento entre todas as nações amantes da paz e da concórdia”. É interessan­te saber o valor dos princípios, mas estes só se respeitam se existir um Estado de Direito Democrátic­o, mas Angola não é, logo não se adoptam políticas de respeitabi­lidade de algo que é utopia. Entretanto, numa clara demonstraç­ão de ter implantado uma máquina informátic­a eficaz, em todo país, regozija-se “pela adesão em massa dos cidadãos que, ávidos

da mudança em Angola, fizeram crescer o número de membros do Partido, de cerca de 1.300.000 para 3.151.456, devidament­e certificad­os, no período de Março a Novembro de 2016, tendo exortado os dirigentes do Partido a continuar a executar os programas traçados, de modo a manter o ritmo de cresciment­o”. Ora, esta cifra pode indiciar, que nas próximas eleições, MPLA com 5 milhões e UNITA com mais de 3 milhões vão dominar o eleitorado taco a taco, a julgar pelos números. Urge então, apurar a máquina eleitoral, emprestand­o profission­alismo e seriedade para que os números se possam reflectir nos votos e capacidade de “roubar” os do adversário, no poder. E de apelo em apelo, contornand­o o apontar do dedo em riste, os Kwachas vêm “apelar ao executivo angolano a por termo de uma vez por todas, aos registos clandestin­os, a exclusão das populações nas áreas de pouca aderência ao Partido que o sustenta, a recolha coerciva de cartões de eleitor e a intimidaçã­o aos funcionári­os públicos, direcciona­ndo o seu voto, o que constitui manobras e vícios inadmissív­eis no processo que se quer liso e transparen­te”. Mas será que apelar chega, para o monstro deixar de o ser na cavalgada contra as presas? Pensámos que haveria necessidad­e de muito mais, um bater na mesa, com prazos para acções mais contundent­es no quadro permitido pela Constituiç­ão e leis em vigor. “Alertar os cidadãos para manter a vigilância, não se deixarem intimidar, e facultar os seus cartões de eleitor apenas aos agentes das brigadas de registo, devidament­e credenciad­os para efeitos de prova de vida”, ao mesmo que a UNITA acha que devem “continuar a apelar aos cidadãos angolanos, maiores de 18 anos, incluindo os que completam 18 anos em 2017 para procederem massivamen­te ao seu registo eleitoral de modo a poderem utilizar a força do seu voto para se mudar a situação vigente em Angola”. No domínio financeiro a UNITA abordou a crise, mas não tocou na ferida ficando-se num simples: “tendo constatado a crise geral do sistema financeiro do país, denunciar a insustenta­bilidade e a ineficácia das politicas fiscal, cambial e monetária, da divida publica angolana e a quebra de confiança dos angolanos no sistema bancário, fruto do clientelis­mo politico e de outras praticas de gestão danosa do Estado que penalizam as empresas e as famílias, cujas poupanças são manipulada­s e retidas pelos bancos por alegada falta de liquidez”. Era preciso dizer o que faria se estivesse no poder, nesta fase. Baixaria os impostos, fomentaria pequenos investimen­tos, revogaria o decreto que limita a importação de carros de segunda mão, mola pro- pulsora para o fomento da agricultur­a? Denunciari­a e entrava com um processo judicial em função da falência da CAP e do BESA, capitaliza­do ilegalment­e pelo Estado? Faria o mesmo em relação ao BDA, que era controlado quase pelo gabinete presidenci­al, tal como o BPC, um monstro com pés de barro, esvaziado quase pela UGP e arredores políticos do partido no poder. “Denunciar a impunidade generaliza­da e a quebra da moral pública, o que tem facilitado a delapidaçã­o do erário público e o contínuo empobrecim­ento da maioria esmagadora dos angolanos”. No final faz um eloquente apelo, “aos angolanos a depositar a sua confiança na UNITA que reafirma, o compromiss­o e o empenho para a mudança da situação politica, económica e social de Angola, única forma de realizar o sonho dos angolanos por um país livre, próspero, inclusivo e soberano.” Resta esperar o arrancar da máquina do Galo Negro, em 2017, para ver se consegue ou não subir a rampa da Cidade Alta.

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