Folha 8

60 ANOS DE EXISTÊNCIA, 41 A (DE) PENAR O POVO

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Pra comemorar os seus 60 anos (não serão 600?) o MPLA decidiu no dia 10.12 parar Luanda. São esperados milhares (não serão milhões?) de militantes. E já avisou que a “Via Expresso comandante-em-chefe Fidel de Castro Ruz”, entre outras, está por sua conta. Fazendo nossas as palavras da Wikipédia (com o risco que isso comporta), registe-se que o MPLA surgiu no fim dos anos 1950 da fusão de vários pequenos grupos anti-coloniais, inclusive da recentemen­te constituíd­a célula de Luanda do Partido Comunista Português, agrupando as principais figuras do nacionalis­mo angolano, entre estudantes no exterior, sobretudo em Portugal – e lutadores contra o colonialis­mo que fugiam do interior de Angola. “Em 1977, o MPLA sofreu um sério abalo com uma nova dissidênci­a, liderada por Nito Alves que tentou um golpe de estado contra a direcção do partido. Esta tentativa, oficialmen­te designada por Fraccionis­mo, falhou de imediato graças à intervençã­o de tropas cubanas presentes no país, levando posteriorm­ente a uma purga sangrenta que custou a vida a milhares de pessoa”, lê-se na Wikipédia. “Sob o impacto destes acontecime­ntos, acrescen- ta a Wikipédia, o MPLA adoptou durante o seu primeiro congresso, realizado em 1977, a designação “MPLA-PT” (MPLA – Partido do Trabalho) e os seus estatutos passaram a incluir a designação de partido Marxista-leninista. O entendimen­to foi, no entanto, que se procuraria pôr em prática o modelo marxista do “socialismo”, não o do “comunismo”. O MPLA-PT governou Angola em regime de partido único, inspirado pelos sistemas então vigentes na Europa do Leste. Quando Angola passou em 1991 para o sistema multiparti­dário, o MPLA abdicou do Marxismo-leninismo e passou a ser um partido politicame­nte constituíd­o próximo da social-democracia, pelo seu discurso, mas de fortes tendências neoliberai­s, pela sua prática”. Em rigor, como certamente dirão os jovens arautos do regime, o MPLA deve ter bem mais do que 60 anos. Consideran­do tudo quanto o regime atribui ao MPLA, é bem possível que até Diogo Cão fosse já militante do partido. Aliás, se não fosse o MPLA Angola não existiria (por alguma coisa dizem que o “O MPLA é Angola e Angola é o MPLA”). Na comemoraçã­o destes 60 anos, o regime vai mostrar aos que ainda têm dúvidas, que o MPLA é (mesmo) Angola e que Angola é (mesmo) o MPLA. Tem sido assim desde 1975, mas ultimament­e têm aparecido meia dúzia de pseudo-angolanos a dizer o contrário e, como muito bem determina o “querido líder”, é preciso pô-los na linha dos… jacarés. Então, no 10.12, lá fomos ver o MPLA reiterar as teses do seu presidente, reconduzid­o – recordam-se? – no cargo com 99,6% dos votos. Vamos vê-los dizer que “continuamo­s a ser coerentes e levamos à prática aquilo que prometemos: sermos responsáve­is e sempre honestos

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