O DO MEU SEMELHANTE
Dentro de um auditório, um estudante em um país estrangeiro, a fazer a sua defesa de monografia, ciente de que é o único da sua nacionalidade naquele país, quanto menos espera, entra alguém revestido da bandeira do seu país. Para o jovem que está a defender, a presença deste outro, não será a de uma simples figura humana. Naquele mesmo instante, o jovem sentirá a sua nação presente naquele mesmo auditório, através de um indivíduo. Todo indivíduo tem um valor acima da sua presença física circunstancial. Se for um jovem cristão em um país islâmico, e, de repente entra alguém no auditório exibindo um símbolo cristão, o jovem se sentirá amparado. O indivíduo é âmplo, mais do que a sua circunscrição temporal. Do ponto de vista ético, entre aquele que mata uma pessoa e aquele que mata dez pessoas, nenhum entre os dois é menos criminoso do que o outro. O valor da colectividade também está expresso na individualidade. Daí que, de Adão, Deus derivou a humanidade. Quando olhamos para o rosto do outro enfrente de nós, no fundo dos seus olhos aparece o nosso retrato. O mais profundo é que, o nosso retrato aparece nele duas vezes, a saber, no seu olho esquerdo e no seu olho direito. Quem é o outro para si querido leitor? Se essa pergunta fosse dirigida a Thomas Hobbes, ele diria: o outro é o lobo que constitui perigo contra mim! Desde a modernidade, o ser humano tem estado a confundir entre raciocinar e razão. A razão é uma estrutura ontológica que se actualiza no exercício de raciocinar. Se o raciocinar caminhar de maneira isolada, perderá a sua dimensão de profundicade. O termo modernidade nas malhas da ciência tem um pendôr pejorativo. Surge com o intuito de mostrar que as etapas antes da Idade Moderna foram tidas como propedêuticas. A diferença não é somente temporal, mas no que tange ao crescimento intelectual, a modernidade tem algum desapego ao antigo como sendo fora de moda. Daí que, a filosofia de René Descartes se tornara moda na frança, este, que é considerado, o pai do pensamento Moderno. Que traz consigo o racionalismo, que é assim chamado, por perder o outro lado da razão que é a dimensão emocional. A dimensão emocional não está fora da razão. Daí que, pensadores como Platão, Aristóteles, os estóicos, Plotino, Santo Tomás, Spinoza, Hegel, etc. Compreenderam que a emoção é um elemento presente na razão. Mesmo Cristo que é o LOGOS, manifesta a sua empathia acarretando a cruz de Belém ao Calvário. Daí que se fala em PAIXÃO DE CRISTO. Repito: o raciocinar não é a razão toda! Segundo Paul Tillich, a música não é só emoção, nela o elemento emocional se faz mais presente do que o elemento racional,