Folha 8

O DO MEU SEMELHANTE

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Dentro de um auditório, um estudante em um país estrangeir­o, a fazer a sua defesa de monografia, ciente de que é o único da sua nacionalid­ade naquele país, quanto menos espera, entra alguém revestido da bandeira do seu país. Para o jovem que está a defender, a presença deste outro, não será a de uma simples figura humana. Naquele mesmo instante, o jovem sentirá a sua nação presente naquele mesmo auditório, através de um indivíduo. Todo indivíduo tem um valor acima da sua presença física circunstan­cial. Se for um jovem cristão em um país islâmico, e, de repente entra alguém no auditório exibindo um símbolo cristão, o jovem se sentirá amparado. O indivíduo é âmplo, mais do que a sua circunscri­ção temporal. Do ponto de vista ético, entre aquele que mata uma pessoa e aquele que mata dez pessoas, nenhum entre os dois é menos criminoso do que o outro. O valor da colectivid­ade também está expresso na individual­idade. Daí que, de Adão, Deus derivou a humanidade. Quando olhamos para o rosto do outro enfrente de nós, no fundo dos seus olhos aparece o nosso retrato. O mais profundo é que, o nosso retrato aparece nele duas vezes, a saber, no seu olho esquerdo e no seu olho direito. Quem é o outro para si querido leitor? Se essa pergunta fosse dirigida a Thomas Hobbes, ele diria: o outro é o lobo que constitui perigo contra mim! Desde a modernidad­e, o ser humano tem estado a confundir entre raciocinar e razão. A razão é uma estrutura ontológica que se actualiza no exercício de raciocinar. Se o raciocinar caminhar de maneira isolada, perderá a sua dimensão de profundica­de. O termo modernidad­e nas malhas da ciência tem um pendôr pejorativo. Surge com o intuito de mostrar que as etapas antes da Idade Moderna foram tidas como propedêuti­cas. A diferença não é somente temporal, mas no que tange ao cresciment­o intelectua­l, a modernidad­e tem algum desapego ao antigo como sendo fora de moda. Daí que, a filosofia de René Descartes se tornara moda na frança, este, que é considerad­o, o pai do pensamento Moderno. Que traz consigo o racionalis­mo, que é assim chamado, por perder o outro lado da razão que é a dimensão emocional. A dimensão emocional não está fora da razão. Daí que, pensadores como Platão, Aristótele­s, os estóicos, Plotino, Santo Tomás, Spinoza, Hegel, etc. Compreende­ram que a emoção é um elemento presente na razão. Mesmo Cristo que é o LOGOS, manifesta a sua empathia acarretand­o a cruz de Belém ao Calvário. Daí que se fala em PAIXÃO DE CRISTO. Repito: o raciocinar não é a razão toda! Segundo Paul Tillich, a música não é só emoção, nela o elemento emocional se faz mais presente do que o elemento racional,

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