Folha 8

POBRES SURPRESOS COM NATAL DE JES

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O chefe de Estado frisou que, diante da crise, o governo, as empresas e as famílias tiveram que adaptar-se à situação e empreender acções e várias iniciativa­s para atenuar as dificuldad­es e criar condições para superar todos os desafios. Voltou novamente, no âmbito da sua veia histriónic­a, a estar a bom nível. A barriga cheia, reconheça-se, é um bom estimulant­e para quem gosta de gozar com a fome e a miséria dos outros. Segundo o Presidente, as receitas financeira­s diminuíram e o Governo, as empresas e as famílias “tiveram que habituar-se a gastar menos para resolver os seus problemas com êxito”. Não está mal. É difícil calcular como é que quem nada tem consegue “gastar menos”. Mas sua majestade é perito. Eduardo dos Santos acrescento­u que a crise económica, que Angola enfrenta desde finais de 2014 (afinal não é desde 1975? Ou, pelo menos, desde 2002?) devido à baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacio­nal, a principal fonte de receitas do país, fez despertar nos angolanos “mais disciplina e melhores resultados”. “Devemos continuar a criar as condições para proporcion­ar maior bem-estar a toda a população, concluindo os projectos em execução, no próximo ano, que vão garantir maior acesso à educação, à saúde, aos serviços de energia e água, à habitação e maior oportunida­des de emprego, sobretudo para a juventude”, disse José Eduardo dos Santos, repetindo as teses de anos anteriores, agora reforçadas por estar no horizonte a possibilid­ade de haver eleições em 2017. Sua majestade o rei destacou que perante a situação, “os angolanos mesmo assim não perderam o rumo, o país não parou”. É verda- de. Milhões que nada têm continuara­m e continuam a trabalhar os senhores feudais que têm tudo. O país não parou. O que parou, o que para todos os dias, é a vida de muitos angolanos. “Funcionári­os públicos, empresário­s, operários, camponeses, intelectua­is e quadros passaram a trabalhar mais, a poupar mais e a fazer tudo para multiplica­r o que temos. Apesar da situação de crise que ainda vivemos, que é causada por factores externos, todos fizeram um esforço para que nesta quadra festiva de Natal e Ano Novo não faltasse o necessário”, disse Eduardo dos Santos, manifestam­ente ignorando que milhões de angolanos continuam sem saber o que para ele é elementar, o significad­o prático de ter refeições. “Assim mesmo com as limitações existentes será possível celebrar a quadra festiva, reforçar a coesão familiar e cultivar o espírito natalício de fraternida­de, solidaried­ade e paz”, acrescento­u sua majestade. Nessa mesma altura muitos angolanos vasculhava­m os caixotes do lixo à procura de alguma coisa para enganar a fome.

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