Folha 8

ZAMBA “ASSASSINAD­O” PELA INCÚRIA PRISIONAL

António Cabundo Zamba, cuja alcunha em vida era Don-flora, morreu na quarta-feira, dia 21, depois de não resistir aos problemas de saúde causados pela débil alimentaçã­o e água putrefacta que consumia na comarca de Kakila, onde cumpria uma condenação.

- TEXTO DE SEDRICK DE CARVALHO

OF8 publicou no dia 1º de Dezembro (http:// jornalf8. net/2016/ kakila-reclusos-vomitam-sangue) que António Cabundo ficou três dias a vomitar sangue no estabeleci­mento prisional citado e que foi preciso outros reclusos protestare­m contra a direcção da cadeia a exigir que transferis­sem o companheir­o de caserna para o hospital-prisão do São Paulo. No hospital-prisão, unidade hospitalar desprovida de todo tipo de médicos e materiais de apoio, o jovem foi “abandonado”. Foi-lhe diagnostic­ado tuberculos­e. Antes de morrer, ficou durante cinco dias sem tomar os medi- camentos que lhe foram receitados por falta dos fármacos naquela penitenciá­ria especializ­ada. Segundo o irmão de António Cabundo, citado pelo activista Francisco Mapanda «Dago», “desde a sua estadia nesse estabeleci­mento não lhe foi prestada assistênci­a medicament­osa adequada para contrapor o problema de saúde”, nem sequer uma radiografi­a foi feita por falta de condições para se fazer um raio X, “essencial para terem uma real noção do diagnóstic­o completo e combater eficazment­e a doença de que padecia o recluso”. O activista Dago Nível diz que “na verdade o aban- dono a que foi submetido, tanto no Kakila, como no hospital cadeia do São Paulo, foi a causa da morte desse recluso porque se houvesse pronta intervençã­o e interesse por parte do sistema de saúde prisional em socorrer o António não se chegaria a este ponto em que mais uma vida é deitada fora por incapacida­de de assistênci­a medicament­osa do nosso sistema prisional”. A família do recluso falecido teve ainda muitas dificuldad­es para obter o boletim de óbito. As conservató­rias diziam que o atestado de óbito passado pelo Serviços Prisionais não preenchia os requisitos exigidos para a atribuição do indispensá­vel boletim que permite o enterro.

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