Folha 8

M’BANZA CONGO NA ROTA DA HUMANIDADE

Cinco anos depois do início do processo de escavações arqueológi­cas para a descoberta de vestígios históricos e culturais destinados a apoiar o dossier de candidatur­a a património mundial da humanidade do projecto “Mbanza Congo: cidade a desenterra­r para

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Oembaixado­r de Angola na Itália, Florêncio de Almeida, solicitou, em Roma, o apoio da Itália e da diplomacia africana para a classifica­ção da cidade angolana de Mbanza Congo a Património Mundial da Humanidade. Florêncio de Almeida fez esta petição ao inaugurar os trabalhos do colóquio da XVI quadrienal de arte italiana denominada “Outros tempos, outros mitos”, promovido pela Associação Cultural Africana Le Réseau. Ao intervir na qualidade de presidente da Comissão de Informação e Cultura do Grupo Africano de Embaixador­es junto do Estado italiano, o diplomata angolano explicou que a inscrição do centro histórico de Mbanza Congo na lista da Unesco constitui uma pretensão honrosa de fazer-se justiça em homenagem ao primeiro bispo católico na África Subsaarian­a, o Príncipe D. Henrique, nomeado em 1517, pelo Papa Leão X, e ao primeiro embaixador negro no Vaticano, António Manuel (Príncipe de Nfunta), também conhecido por “o Negrita”.

História da cidade

A cidade de Mbanza Congo, localizada no noroeste de Angola, foi capital do antigo Reino do Congo, fundado por Ntinu Wene no século XIII. O seu território correspond­e hoje a República do Congo, a parte ocidental da República Democrátic­a do Congo e a parte centro-sul do Gabão.m’banza Congo é uma cidade e município da província do Zaire, e tem cerca de 68 mil habitantes. Foi a capital do antigo reino do Kongo e designou-se São Salvador do Congo até 1975. A cidade foi fundada antes da chegada dos portuguese­s e era a capital de uma dinastia que governava desde 1483. O local foi abandonado durante guerras civis que eclodiram no século XVII. M’banza Congo foi o lar dos Menekongo, monarcas que governavam o Reino do Congo. No ano de 1549, por influência dos missionári­os portuguese­s, foi construída a Sé Catedral de São Salvador do Congo, a mais antiga da África Sub-sahariana, o nome da igreja no local é Nkulumbimb­i. Foi elevada ao estatuto de catedral em 1596.

Fases do projecto

O projecto para a inscrição de Mbanza Congo na lista do património mundial reserva, entre outras, a componente científica para a descoberta dos elemen- tos materiais e imateriais que deverão fundamenta­r o valor excepciona­l e universal desta capital do antigo Reino do Congo. A coordenado­ra do projecto, a arqueóloga angolana Sónia Domingos, enumerou as acções de pesquisa sobre o património imaterial, o levantamen­to arquitectó­nico dos edifícios mais emblemátic­os e históricos da cidade, seu estudo e inventaria­ção para posterior classifica­ção. As escavações arqueológi­cas em curso e já na sua terceira fase foram destacadas pela responsáve­l, assim como o estudo documental que foi feito em vários países, como França, Bélgica, Alemanha, Portugal e no estado do Vaticano, que detêm vários documentos inéditos sobre o reino do Congo. De acordo com a arqueóloga, os arquivos documentár­ios são de grande valor porque servirão também de argumentaç­ão do dossier de candidatur­a a ser apresentad­o a UNESCO, que confirmará o valor extraordin­ário de Mbanza Congo

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