“DISSERTAÇÃO HISTÓRICA EM ÁFRICA” DE THÉOPHILE OBENGA DISPONÍVEL EM ANGOLA A editora Media Press colocou a disposição dos angolanos, uma das obras mais lidas em África por estudantes e investigadores em historiografia. Trata-se do livro “dissertação histó
Théophile Obenga tinha publicado em 1980, pela Présence Africaine e Les Nouvelles Editions Africaines, um livro que rapidamente foi considerado como clássico depois da releitura feita por Cheikh Anta Diop. O livro intitulavase “Dissertação histórica em África”. Na verdade é uma verdadeira iniciação para os estudantes que vão pela primeira vez a universidade: o autor apresenta conselhos práticos para o sucesso do estudante. Também, o livro inicia o estudante na História de África, de forma breve, objectiva e responsável, sobre História de África com propósito de descolonizarlhe. Segundo uma nota de imprensa divulgada pela editora, o interesse em traduzir e publicar o livro “A dissertação histórica em África” do historiador Théophile Obenga, na sua versão portuguesa, não foge aos propósitos que o autor traçou na versão original: fornecer os utensílios para que o estudante universitário angolano busque soluções para solucionar as suas insuficiências. Importa lembrar que inicialmente este texto destinava-se aos estudantes da Universidade Marien-ngouabi, no Congo Brazzaville. Boa parte dos docentes oriundos das Universidades dos países africanos de língua oficial francesa utilizou densamente o livro deste ilustre historiador: Camarões, Congo-kinshâsa, Gabão, Senegal, etc. A magnitude do livro justificara-se por proporcionar aos formandos naquelas Universidades: (1) treino metodológico face às fontes sobre a História de África; (2) capacidade crítica e dúvida metódica/ sistemática na familiarização da fonte; (3) conhecimento panorâmico sobre “A dissertação histórica em África”: o livro foi readaptado a cada realidade daqueles países. A versão portuguesa pretende continuar na mesma perspectiva. Por esta razão, desaconselhamos toda a leitura precipitada. Para os estudantes, aconselhamos, portanto, que façam leitura assídua e com as anotações quer das palavras por eles tidas novas, quer nas acepções interes- santes. Neste texto de carácter pedagógico cuja simplicidade da textura lhe proporciona fácil leitura, recorremos às explicações secundárias para alguns termos técnicos e pensamos subsidiar o leitor com algumas informações úteis: Nota do tradutor [NT] Grosso modo, o professor Théophile Obenga notou que: “muito raros são os estudantes que sabem estruturar um plano e conduzir uma dissertação”, por isso nasceu este importante texto. E o autor termina com estas belas palavras: “Mas para investigar, reflectir, conceber, deve-se antes de tudo começar por colocar a ordem, o método, a disciplina nas suas próprias ideias, nos seus próprios pensamentos”. Apraz-nos resumir alguns pontos que o autor tratou ao longo texto: (1) Generalidades informacionais e técnicas. Neste capítulo, Obenga começa por dar conselhos práticos sobre “Como desenvolver e aprovar os conhecimentos na Universidade”. A seguir, o egiptólogo Obenga aborda as “Generalidades técnicas” para aqueles que vão pela primeira vez a universidade, e sobretudo aqueles que se formam no curso de História.
(2) O segundo capítulo é longo. O autor define temas concretos – cada um é uma Dissertação – e desenvolve-os de forma metódica, crítica e apresenta os resultados. 3 . A África e a História. Visto que África foi negada como parte integrante da História universal, Obenga ilustra quanto este continente estaria no início da História das civilizações humanas. Este livro foi publicado 20 anos depois das independências em África, e constitui um instrumento para rebuscar auto-estima dos africanos na participação da História universal: menciona os grandes reinos e impérios de África, nomeadamente Abomey, Benim, Bugânda, Lûnda, Kôngo, Kuba, Mali, Ndôngo, Zend, Zimbabwe, etc. 4. Periodização da História em África. O autor começar por explicar a versão triunfalista colonial sobre os períodos e sua repartição no Ocidente. Explica de onde terão vindo: Pre-história, Antiguidade, Idade Média, Renascimento, Tempos Modernos e Épocas Contemporâneas. O autor aborda, também, a tese de Lenine sobre a “origem do Estado”, crítica as posturas ideológicas de Hegel para, já no fim, apresentar uma proposta de periodização sobre África que responde aos “factos produzidos” em África. 5. A contribuição da arqueologia na História de África. Os resultados que as escavações arqueológicas em África são importantes para, por um lado datar os períodos e compreender as dinâmicas deste continente no passado; Obenga cita eminentes arqueólogos, menciona os nomes de importantes sítios arqueológicos que todo historiador africano deveria saber.