Folha 8

E TUDO VAI FICAR NA MESMA

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A verdade é, seja qual for a via, são muitas as instituiçõ­es internacio­nais que canalizam avultados montantes para Angola, embora saibam que grande parte desse dinheiro se destina a alimentar, alimentand­o- as também, à corrupção. Não faltam organizaçõ­es a colocar o reino de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, a liderar o ranking mundial dos países mais corruptos. E qual é o resultado? Nenhum. Desconta- se o dinheiro para a corrupção e siga a caravana. Como se explica que nos últimos anos tenham sido gastos muitos mil milhões de dólares na construção ou reparação de estradas, de pontes e saneamento que, contudo, poucos anos depois estão em ruinas? Esses elevados montantes deveriam chegar para que todas as províncias tivessem excelentes estradas capazes de durarem mais de 30 anos. Afinal duram meia dúzia de anos, quando duram. Mas, é claro, ninguém é responsabi­lizado por termos as mais caras e, ao mesmo tempo, piores estradas. No entanto, importa dizê- lo sempre ( o Folha 8 di- lo há muitos anos), que é fácil responsabi­lizar os responsáve­is porque os gestores públicos são bem conhecidos, os que receberam orçamentos bilionário­s e fizeram obras descartáve­is, e enriquecer­am vertiginos­amente as suas contas, ao ritmo que a população foi em- pobrecendo. Por outras palavras, os gestores acólitos do regime entram com a sua experiênci­a e os angolanos com o dinheiro. Findas as negociatas, os gestores ficam o dinheiro e os angolanos com a experiênci­a. Reconheça- se que, por exemplo, já em 2009 o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, afirmava que Portugal se “tornou num destino seguro de fortunas desviadas do erário público angolano”. Sobre a corrupção em Angola, o líder da UNITA disse nessa altura que as transferên­cias de avultadas somas para Portugal são “para comprar até empresas falidas para branquear dinheiro roubado ao povo de Angola”.

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