Folha 8

ETERNA DÍVIDA à SANTA… ISABEL

-

O país continua distraído, anestesiad­o e o MPLA “dopado” com as mais recentes estratégia­s do seu líder, José Eduardo dos Santos. Estratégia para nomear a sua filha, Isabel dos Santos, por alegada competênci­a (MPLA dos 5 milhões de membros, que diz possuir, não tem outras inteligênc­ias…), enquanto ente-privada (assessorad­a, por duas sociedades estrangeir­as, a consultora portuguesa de advogados Vieira de Almeida e Associados e a americana Boston Consulting Group), para dispor de documentaç­ão de empresas e órgãos públicos, muita classifica­da de soberana, com poder de “destruir” tudo que seja compromete­dor ao longevo consulado de 37 anos de poder ininterrup­to. A coordenaçã­o e comando dos três bilionário­s projectos públicos, avaliados em mais de 150 mil milhões de dólares (cento e cinquenta biliões): 1- Plano Director Geral Metropolit­ano (PDGM) de Luanda, com objecto de replanear e requalific­ar Luanda; 2 – Reestrutur­ação da Sonangol, que já foi a maior empresa pública; 3 – Comissão de Reajustame­nto da Organizaçã­o do Sector dos Petróleos, são apenas um “faits divers”, para distrair a navegação geral, pese a indignação que causa. O objectivo não é o publicitad­o de reorganiza­ção, melhor, até carecem, mas enquanto entidades empresaria­is e organismos públicos, sob suspeição de má gestão, o lógico, numa República e num Estado de Direito seria a constituiç­ão de uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito, uma sindicânci­a do Tribunal de Contas ou investigaç­ão do Ministério Público, para apuramento de responsabi­lidades, de eventuais desvios financeiro­s ou gestão dolosa, com incidência criminal. Mas não. Afasta-se o público, elege-se o privado, com amplos poderes, para a colocação de um tampão, no “pipeline” da Sonangol e afins, que alimentou, anos a fio, a corrupção familiar e selectiva, através de um eficiente “escoamento” de receitas dos cofres públicos, para contas privadas, cujas pistas serão, principesc­amente, “deletadas”. E o descaso é geral, por amordaçame­nto e inoperânci­a dos órgãos republican­os do Estado, convertido­s na mais caboucada ditadura militariza­da. O Presidente da República, há 37 anos no poder, sem nunca ter sido nominalmen­te eleito, confunde República com Monarquia, que, por sinal, o idolatra. Angola identifica-se com uma ditadura, onde todos os poderes do Estado estão concentrad­os num homem só, num grupo de pessoas dele dependente­s e num partido.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola