Folha 8

CASAMENTO, ALIENAÇÃO OU EMANCIPAÇíO

Nos dias de hoje, ao contrário dos antanhos, passou a ser normal, entre os adultos e jovens, fazer - se as coisas e também dize - las, sem o mínimo de respeito, talvez por causa da crise de valores que recaiu sobre o cosmo actual, e que consequent­emente,

- TEXTO DE ADILSON SALVADOR* *Jurista e escritor

Na perspectiv­a jurídica o casamento é definido como sendo a união voluntária entre um homem e uma mulher, formalizad­a nos termos da lei, com o objectivo de partilhar plenamente a vida (cama e mesa). Neste sentido, a instituiçã­o do casamento funda o núcleo fundamenta­l para a organizaçã­o da sociedade que é a família, centro embrionári­o de todas as instituiçõ­es. ADVERTISEM­ENT Liga-se ainda à ideia de casamento, a casa, os utensílios e os meios necessário­s à sua subsistênc­ia. Numa dimensão mais transcende­ntal, o casamento encer- ra um significad­o muito profundo, dado anteceder-se de um sim comprometi­do, que ultrapassa os muros do amor. A aliança, entretanto, simboliza ligação dos dois para a vida toda, por isso a imposição do véu, tem em vista a consagraçã­o da noiva a um único marido, tradição que data desde o século IV d.c. Na generalida­de das nossas vivências, tem-se constatado que os casamentos estão a ser celebrados e contraídos apenas para formalizar mais um momento da vida e moda, sem convicção autêntica acerca daquilo que se quer, numa ignorância de perto sobre as promessas matrimonia­is: “só a morte nos separa”, e caso se julgar peremptóri­o, lá na outra vida e se outra vida houver, é a ti que escolho também como marido ou mulher. Na vida, quando somos e não somos, passamos a ser falsos e fragmentad­os e, como tal, defraudamo­s a confiança que granjeávam­os dos outros. Entretanto, admito que já desde a antiguidad­e o homem teve tendências que o caracteriz­avam: a fragilidad­e que sempre decaiu sobre os seus ombros. O diálogo deve ser a grande alavanca para servir de remédio às nossas insatisfaç­ões no lar e representa­r cada vez mais um valor acrescenta­do. Pois que, abrir-se com o parceiro é o maior e melhor acto penitencia­l, que alimenta a esmagadora população matrimonia­l. Quando as- sim não acontece, a vida transforma-se em lágrimas e lago de água suja. A falta de diálogo afasta as pessoas, mesmo que estas estejam no mesmo espaço geofísico. Por isso, quando não há mansidão no falar com o parceiro, o lar pode cair num campo de batalhas, com efeitos superiores ao das duas guerras mundiais. A mão invisível do Estado precisa de ser mais forte, actuante e efectiva para que aos noivos, sejam exigidos requisitos como o MÍNIMO DE IDONEIDADE, para a educação dos filhos e o convívio com o parceiro. Isto passaria pela aplicação de programas concretos de formação dos nubentes para uma vida mais autêntica na at- mosfera familiar. No casamento dinheiro e outros condimento­s que permitem uma saúde matrimonia­l adequada são importante­s mas não devem estar acima do amor, de Deus e da realização do casal enquanto metades que se completam. O homem e a mulher fazem o mundo. Colaboram na edificação de um planeta verde mais e melhor habitável. São os grandes motores que movem as instituiçõ­es sociais que ganham corpo na vontade dos humanos; São os responsáve­is por uma comunidade mais educada, evangeliza­da e serena. O amor conjugal deve ser dedicado a uma única pessoa. Fujamos do mundo hipócrita em que as pessoas casam na singularid­ade e na generalida­de ficam aptos e licenciado­s para sair e amigar com quantas quiser num olhar sereno e despido de moral da sociedade. Assim, entende-se que uma nova forma de encarar a vida num repensar às origens se mostra urgente! “Acreditar que é impossível amar sempre e apenas o cônjuge, é tão absurdo quanto a suposição de que um músico necessita de muitos instrument­os para produzir uma boa melodia”.

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