Folha 8

COMO TUDO COMEÇOU

-

Em 1998, Félix Fernandes contraiu um empréstimo bancário e comprou uma residência na margem sul de Lisboa. Em 1999, faleceu o se pai em Angola, o que forçou o regresso do mesmo após 15 anos de ausência, deixando e confiando a casa a um casal amigo de nacionalid­ade angolana. Após ter enterrado o pai, permaneceu em Angola por quase um ano porque tinha de tratar alguns documentos que as autoridade­s portuguesa­s tinham solicitado para ser concedida a cidadania daquele país, sendo que é pai de um rapaz que nasceu em Portugal. Enquanto em Angola, ligava ao casal amigo em Portugal, que o tranquiliz­ava sobre a situação da sua residência. De regresso a Portugal, Félix Fernandes saiu do aeroporto, dirigindo-se directamen­te à sua residência, onde se viu impossibil­itado de abrir a porta com as chaves que tinha, e em contrapart­ida ter sido confrontad­o, a partir do interior da residência, por um casal português, que se apresentou como novo dono da habitação. Indagado, o casal português indicou Félix Fernandes a agência imobiliári­a onde comprou a casa. A agência imobiliári­a confirmou a venda da residência mas recusou-se a revelar o nome de quem pôs a casa à venda, alegando confidenci­alidade. No entanto, Félix Fernandes dirigiu-se ao banco, onde fizera o empréstimo bancário, e constatou que apesar de não ter tido nenhum problema com a mesma instituiçã­o, o seu nome, como proprietár­io da referida residência, fora mudado e substituíd­o por João Filipe Ribeiro. A princípio, o casal angolano, a quem Félix Fernandes confiou a sua residência e onde permaneceu nos primeiros dias após a chegada a Portugal, mostrou-se admirado com a situação, alegando que esteve de viagem de trabalho na Alemanha durante algum tempo. O banco aconselhou Félix Fernandes a recorrer à polícia para saber verdadeira­mente o que se passou. Daí dirigiu-se à Polícia Judiciária em Setúbal, onde fez a queixa. A Polícia mandou o processo para o Tribunal do Seixal, na zona onde Fé- lix Fernandes residia. Descapital­izado mas sendo titular dos benefícios da Segurança Social, Félix Fernandes solicitou um advogado público que lhe foi atribuído mas que infelizmen­te, depois de conhecer o processo, não o ajudou. De seguida, tendo reclamado na Ordem dos Advogados, foi-lhe atribuído uma advogada que também se mostrou desinteres­sada do caso.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola