Folha 8

A MOSSAD E JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

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O empresário israelita de origem russa, Arkady Gaydamak, afirmou num tribunal em Londres que, solicitado pelo governo angolano, elaborou um plano para afastar Jonas Savimbi e a UNITA do negócio dos diamantes. “A pedido do presidente de Angola, eu preparei um plano para reduzir as receitas financeira­s do grupo rebelde, criando um melhor controlo do negócio de diamantes”, afirmou Gaydamak, citado num artigo, em Maio de 2014, do semanário português Ex- presso. Segundo o próprio, por ter tido sucesso no afastament­o da UNITA do tráfico de diamantes, forma usada pelo movimento de Savimbi para se financiar, foi-lhe atribuída pelo governo angolano uma licença de exportação de diamantes. As revelações do empresário foram feitas no âmbito de um processo contra Lev Leviev, magnata dos diamantes em Israel, António Carlos Sumbula, presidente da Endiama, e o general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa de Segurança do presi- dente da República. Gaydamak pretendia ser ressarcido em mil milhões de dólares, alegadamen­te por ter sido excluído dos lucros da exportação de diamantes pelo seu alegado testa-de-ferro na Ascorp, sociedade que detém os direitos exclusivos da venda externa de diamantes angolanos. O acordo secreto teria sido assinado em Dezembro de 2001 em Moscovo, na presença do chefe rábi da Rússia, Berel Lazar, sendo que os lucros deveriam ser divididos a meias entre Leviev e Gaydamak. E até 2005 tudo correu bem, com Leviev a transferir-lhe “centenas de milhões de dólares”. A partir daí, afirmou o empresário em tribunal, nunca mais viu um tostão – daí o pedido de mil milhões de dólares de indemnizaç­ão. Avinoam Dagan, director de uma das divisões da Mossad até 1997 e a partir daí braço direito de Gaydamak para questões de segurança, testemunho­u em tribunal que viu os dois homens sair da reunião em Moscovo a apertar a mão e a dizer “mazal ubrachah”, bênção usada habitualme­nte pelos comer- ciantes de diamantes judeus para confirmar que chegaram a acordo. Gaydamak, que esteve envolvido no chamado “Angolagate”, a venda de armas da França a Angola através de Pierre Falcone, acabou por perder o processo contra Leviev, Sumbula e Kopelipa em Londres por razões técnicas, segundo refere o semanário português. Já em 2011, o empresário tinha perdido outro processo, dessa vez apenas contra Leviev, pelas mesmas razões.

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