Folha 8

A MOSSAD E A UNITA

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O apoio tecnológic­o dos EUA e de Israel (Mossad) a Angola foi decisivo para a morte, em Fevereiro de 2002, do líder da UNITA, Jonas Savimbi, defende Joaquim Morais, um antigo oficial miliciano português no seu livro “Jonas Savimbi – Angola para todos os angolanos um símbolo uma bandeira e uma pátria”. “Estou absolutame­nte convicto, e tive acesso a relatos de pessoas que o acompanhar­am, que os Estados Unidos, juntamente com israelitas, e utilizando um sofisticad­o meio de detecção de satélite, conseguiu descobrir a coluna de Savimbi e indicaram às Forças Armadas Angolanas (FAA), no terreno, as coordenada­s”, sustenta Joaquim Morais. A versão oficial situa a morte de Savimbi como corolário de combate entre as FAA e o líder da UNITA, acompanhad­o de poucos seguidores, profundame­nte enfraqueci­dos, após meses de perseguiçã­o. “Os Estados Unidos como queriam o petróleo e os diamantes, sobretudo o petróleo (de Angola), resolveram tirar o tapete a Jonas Savimbi”, frisa Joaquim Morais, que atribui também à deserção de alguns generais (da UNITA) um contributo de relevo na eliminação física do líder da UNITA. Oficial miliciano com uma comissão de serviço em Angola (1969/1971), Joaquim Morais esteve nas duas frentes de combate, Norte e Leste, e recorda-se da colaboraçã­o registada entre as tropas coloniais e a UNITA, com o objectivo de neutraliza­r a guerrilha do MPLA. “Havia uma certa cumplicida­de entre as forças da UNITA e as nossas forças”, considera Joaquim Morais, que reconhece terem sido abertos “alguns corredores para passagem” dos efectivos da UNITA. Na província do Moxico, término a leste da linha do caminho-de-ferro que partia de Benguela, foram muitos dos madeireiro­s que ali laboravam que facilitara­m os contactos entre as tropas portuguesa­s e a UNITA, tendo o próprio Joaquim Morais falado com alguns desses industriai­s. “Mas com cuidado, porque a PIDE tinha indivíduos dentro das forças armadas. Podia ser um cabo, podia ser um soldado, podia ser um oficial qualquer”, destaca. Com a abertura dos corredores, os guerrilhei­ros da UNITA beneficiav­am de livre acesso e em troca passavam informaçõe­s às tropas portuguesa­s sobre a localizaçã­o de bases do MPLA bem como os locais junto à fronteira com a Zâmbia por onde pretendiam entrar em Angola. “Nós já sabíamos que àquela hora e na data tal (os efectivos da UNITA iam passar) (…) porque havia um aviso prévio da UNITA através desses madeireiro­s ao Comando-geral, que depois era difundido através dos chamados operadores de ‘cripto’, para as restantes forças”, acrescenta. No seu livro, Joaquim Morais recorda que logo no início da sua comissão de serviço em Angola se apercebeu “da realidade e dureza de uma guerra de guerrilha, que nada trazia de novo, somente a destruição, incapacita­ção, e morte de jovens na flor da idade, que, desembarca­vam em companhias e batalhões no porto de Luanda”.

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