Folha 8

RUI MOREIRA ESTEVE, ESTÁ E ESTARÁ DE PARABÉNS

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O líder da Renamo espera que as negociaçõe­s de paz em Moçambique sejam retomadas em breve, com a chegada dos mediadores, e promete regressar à vida política activa após os 60 dias de trégua por ele declarados. “Se tudo correr bem e concluirmo­s aquilo que estamos a tratar na mesa das negociaçõe­s, acredito que em Março ou Abril poderei estar em Mapu- to, a andar livremente, a retomar as actividade­s políticas”, afirmou Afonso Dhlakama, que anunciou, a 3 de Janeiro, uma trégua de 60 dias, após uma conversa telefónica com o Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi. O presidente da Renamo, retirado na serra da Gorongosa desde finais de 2015 alegando questões de segurança, referiu que as eleições autárquica­s de 2018 “estão à porta e precisam de ser preparadas a tempo”, sinalizand­o a intenção de o maior partido de oposição participar numas eleições que boicotou em 2013. “Esperemos que os mediadores cheguem rapidament­e para retomarmos, com os pontos que estão na agenda, e concluirmo­s o acordo [de paz]. Há coisas que podem ser concluídas até Março, mas

outras questões podem arrastar-se”, afirmou. O líder do principal partido da oposição disse que as equipas de mediação serão repartidas em dois grupos, um dos quais para acompanhar o processo de descentral­ização junto da comissão técnica indicada pelas duas partes, e o outro para seguir os restantes pontos de agenda. “Sei que não é fácil, mas com essa paz de 60 dias, até Março, se tudo correr bem, podemos assinar o acordo definitivo e motivar as pessoas”, declarou Afonso Dhlakama, apelando para um esforço das partes, porque “o mais importante é a paz”. O presidente da Renamo lembrou que está na Gorongosa desde o final de 2015, após ter sofrido duas emboscadas em Setembro daquele ano na província de Manica, e uma invasão da sua residência, na cidade da Beira, pelas Forças de Defesa e Segurança, em Outubro. “Não esperava o vandalismo que o Governo me fez, mas já me esqueci disso, não guardo rancor”, disse Dhlakama, que não deseja repetir a experiênci­a de assinar um acordo no decurso de uma campanha eleitoral, como sucedeu a 5 de Setembro de 2014, quando celebrou o Acordo de Cessação de Hostilidad­es Militares com o então Presidente Armando Guebuza, já em pleno processo das eleições gerais. “Gostaríamo­s que tivéssemos tempo de nos prepararmo­s para as autárquica­s”, disse ainda. Moçambique vive uma crise política e militar provocada pela recusa da Renamo em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, alegando fraude. As partes voltaram ao diálogo em Maputo, na presença de mediadores internacio­nais, mas não foram conhecidos resultados.

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