Folha 8

TWAPANDULA PRINCESA DIANA

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Os Estados Unidos da América vão doar quatro milhões de dólares para o programa de desminagem de Angola, mas o país precisa de 246 milhões de dólares para cumprir o objectivo de concluir a limpeza até 2025. Isto se, entretanto, o dinheiro não “explodir” noutras frentes mais do agrado do regime de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos. O anúncio da disponibil­ização desta verba pelo Departamen­to do Estado, a aplicar este ano, foi feito no passado dia 14, no Huambo, por Constance Arvis, ministra conselheir­a da embaixada norte-americana em Luanda, no âmbito das cerimónias evocativas dos 20 anos da visita de Diana de Gales àquela província, colocando então Angola em destaque nas necessidad­es internacio­nais de des- minagem. “Esta assistênci­a, implementa­da através de organizaçõ­es não-governamen­tais e em parceria com o Governo de Angola, permite a mais e mais angolanos voltar a casa em segurança, reconstrui­r as suas comunidade­s e cuidar das suas plantações”, enfatizou a diplomata. Numa altura em que as doações internacio­nais para a desminagem em Angola caíram 80%, Constance Arvis recordou que os EUA são “parceiros empenhados nessa luta” e que desde 1995 já investiram mais de 124 milhões de dólares no programa angolano de remoção e destruição de minas terrestres, engenhos não detonados e munições. A guerra civil em Angola prolongou-se entre 1975 e 2002, mas desde então estima-se que a desminagem apenas tenha chegado a metade do país, com mais de mil campos identifica­dos que permanecem por desminar. Além de vários acidentes mortais que se continuam a registar no país, sobretudo com crianças, estes campos minados impedem a livre circulação em várias comunidade­s ou acesso a alguns campos de cultivo. Presente no Huambo, o general britânico James Cowan, director-geral da Halo Trust, uma das maiores organizaçõ­es não-governamen­tais internacio­nais da área da desminagem, disse que o país ainda tem necessidad­es estimadas de 246 milhões de dólares de financiame­nto internacio­nal para conseguir cumprir a meta de concluir a desminagem do país até 2025, conforme a convenção de Otava, a que Angola aderiu. Apesar de se tratar de uma verba “elevada”, o responsáve­l da Halo Trust, que assegura a desminagem em várias províncias do centro e sul de Angola, afirma que, “dividida pelos próximos anos, por vários países doadores e pelo Governo angolano”, é uma “meta alcançável”. Como exemplo, a Halo Trust aponta o caso do Huambo, onde se registaram intensas actividade­s militares durante a guerra civil, e que poderá ser a primeira província do país a ser declarada como totalmente livre de minas, já em 2018. A Halo Trust promoveu a limpeza de 270 campos de minas no Huambo, desde 1994, restando apenas 18, mas a falta de financiame­nto fez a organizaçã­o reduzir de 80 para 13 o total de equipas no terreno, para operações de desminagem e investigaç­ão. “Temos aqui atrás de nós veículos parados que podiam estar a ser utilizados”, lamentou o general James Cowan. Numa acção das autoridade­s e da Halo Trust, em Tchicala Tcholoanga, a 35 quilómetro­s do Huambo, foi feita uma explosão controlada no dia 14 de quase uma tonelada de material recuperado em toda a província, no caso 200 morteiros de 82 mm e sete projécteis de 130 mm. Desde a visita de Diana de Gales ao Huambo, a 15 de Janeiro de 1997, alvo na altura de uma cobertura mediática internacio­nal, Angola garantiu mais de 100 milhões de dólares de financiame­nto para desminagem, 60% provenient­e dos EUA. Actualment­e, além do apoio norte-americano, o financiame­nto chega a Angola também da Suíça e do Reino Unido – cujas representa­ções diplomátic­as também estiveram nas cerimónias no Huambo -, com a Halo Trust a multiplica­r os apelos ao reforço dos donativos internacio­nais, sob pena de o processo de desminagem poder parar. “Em memória da princesa Diana, deixem-nos acabar o trabalho”, concluiu James Cowan.

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