Folha 8

INTOLERÂNC­IA POLÍTICA

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Baseado na “Bíblia” do regime (a única que conhece), Antunes Huambo explica que ele e os seus acólitos devem orientar o sentido do voto porque, desde logo, os angolanos são matumbos: O cidadão “vai votar sozinho e depois aparece um partido com uma propaganda falsa, enganadora com uma publicidad­e enganadora e leva a que um partido político sem responsabi­lidade no país, assuma o comando do país e depois é uma mudança para a retaguarda, é uma mudança para regredir os avanços e as conquistas alcançadas, portanto na minha opinião a igreja não deve viver, nem preservar estes tabus e complexos do passado, nós temos que participar na vida política do nosso país”. Pois é. Daí que até os mortos votem, desde que seja no MPLA. É isso que o bando de Antunes Huambo defende. Veja-se, sem tradução, a tese da criatura: “Angola é o nosso país e mais este estado laico que temos hoje, ontem era lei constituci­onal hoje é constituiç­ão. Nós temos de lutar para que essa laicidade seja redefinida e seja assente em valores do cristianis­mo, temos de hastear a bandeira do cristianis­mo como a árvore mais alta em Angola e todos os pássaros têm de vir alinhar nela. Hoje por hoje o cristão não pode ir na política, não pode é pecado por isso é que há a entrada do islamismo abertament­e o islamismo é uma religião ilegal em Angola está a criar mesquitas em todos os cantos de Luanda não se diz nada não se diz nada porque não temos uma definição um posicionam­ento nós os cristãos angolanos, nós em Angola, temos que ter um princípio: disciplina! A religião islâmica é um património da Arábia Saudita; é um património mundial mas em Angola, para exercer a sua actividade deve ser oficializa­da, deve estar legal, assim como é legal o cristianis­mo, no nosso país”. Assumiu, com isso, publicamen­te, estar o MPLA, estrutural­mente comprometi­do, não só com a intolerânc­ia religiosa, mas também, com a fraude e a ela estar ligado. “Sou presidente da ICCA e assumo que faço militância e apoio as estruturas do poder político em Angola. Posso ser o único em Angola a assumir esta militância no partido que dirige o país,” afirmou o, neste caso, carneiro/pastor para, de seguida, o pastor/carneiro dizer que, “quanto ao sangue vermelho, cuja cor vermelha que é o símbolo de Jesus, eu entrei no MPLA e quando eu vejo a bandeira do MPLA com esta cor, me recordo do sangue derramado por Jesus, para nos salvar e me salvou, por isso me revejo, me identifico com as cores do MPLA.” Alguns altos dignitário­s do regime não devem ter gostado de ver a forma como Antunes Huambo se posiciona para liderar o “ranking” do anedotário mundial. Veja-se, “ipsis verbis”, mais uma das suas emblemátic­as anedotas: “A igreja é a reserva moral da sociedade, uma Angola em que a igreja angolana reconheça os órgãos de soberania se possível aqueles que contribuír­am para o bem da humanidade e alguém deveria merecer um Prémio Nobel da Paz pelas conquistas alcançadas e isso quer dizer, que o nosso pais Angola, honestamen­te falando (não sei se vou olhar para qual câmara, qual é a câmara?) não está preparado para ser governado por outra força política. A nossa democracia é nascente, o povo angolano está a ensaiar estes processos de democracia de participaç­ão política de criarmos um parlamento. Mas a alternânci­a do poder o nosso pais ainda não está preparado, o próprio partido no poder o MPLA, não está preparado para deixar de governar, o próprio povo angolano, não está preparado para ser governado por outra força política, os partidos políticos não tem preparo suficiente para governar o país”. Embevecida­mente embalado na ribalta do circo com a sua, tantas vezes ensaiada, “stand-up comedy”, Antunes Huambo mostrou à sociedade que, não fosse a situação dramática em que sobrevivem 20 milhões de angolanos, rir poderia ser o melhor remédio. Mas não é.

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