INTOLERÂNCIA POLÍTICA
Baseado na “Bíblia” do regime (a única que conhece), Antunes Huambo explica que ele e os seus acólitos devem orientar o sentido do voto porque, desde logo, os angolanos são matumbos: O cidadão “vai votar sozinho e depois aparece um partido com uma propaganda falsa, enganadora com uma publicidade enganadora e leva a que um partido político sem responsabilidade no país, assuma o comando do país e depois é uma mudança para a retaguarda, é uma mudança para regredir os avanços e as conquistas alcançadas, portanto na minha opinião a igreja não deve viver, nem preservar estes tabus e complexos do passado, nós temos que participar na vida política do nosso país”. Pois é. Daí que até os mortos votem, desde que seja no MPLA. É isso que o bando de Antunes Huambo defende. Veja-se, sem tradução, a tese da criatura: “Angola é o nosso país e mais este estado laico que temos hoje, ontem era lei constitucional hoje é constituição. Nós temos de lutar para que essa laicidade seja redefinida e seja assente em valores do cristianismo, temos de hastear a bandeira do cristianismo como a árvore mais alta em Angola e todos os pássaros têm de vir alinhar nela. Hoje por hoje o cristão não pode ir na política, não pode é pecado por isso é que há a entrada do islamismo abertamente o islamismo é uma religião ilegal em Angola está a criar mesquitas em todos os cantos de Luanda não se diz nada não se diz nada porque não temos uma definição um posicionamento nós os cristãos angolanos, nós em Angola, temos que ter um princípio: disciplina! A religião islâmica é um património da Arábia Saudita; é um património mundial mas em Angola, para exercer a sua actividade deve ser oficializada, deve estar legal, assim como é legal o cristianismo, no nosso país”. Assumiu, com isso, publicamente, estar o MPLA, estruturalmente comprometido, não só com a intolerância religiosa, mas também, com a fraude e a ela estar ligado. “Sou presidente da ICCA e assumo que faço militância e apoio as estruturas do poder político em Angola. Posso ser o único em Angola a assumir esta militância no partido que dirige o país,” afirmou o, neste caso, carneiro/pastor para, de seguida, o pastor/carneiro dizer que, “quanto ao sangue vermelho, cuja cor vermelha que é o símbolo de Jesus, eu entrei no MPLA e quando eu vejo a bandeira do MPLA com esta cor, me recordo do sangue derramado por Jesus, para nos salvar e me salvou, por isso me revejo, me identifico com as cores do MPLA.” Alguns altos dignitários do regime não devem ter gostado de ver a forma como Antunes Huambo se posiciona para liderar o “ranking” do anedotário mundial. Veja-se, “ipsis verbis”, mais uma das suas emblemáticas anedotas: “A igreja é a reserva moral da sociedade, uma Angola em que a igreja angolana reconheça os órgãos de soberania se possível aqueles que contribuíram para o bem da humanidade e alguém deveria merecer um Prémio Nobel da Paz pelas conquistas alcançadas e isso quer dizer, que o nosso pais Angola, honestamente falando (não sei se vou olhar para qual câmara, qual é a câmara?) não está preparado para ser governado por outra força política. A nossa democracia é nascente, o povo angolano está a ensaiar estes processos de democracia de participação política de criarmos um parlamento. Mas a alternância do poder o nosso pais ainda não está preparado, o próprio partido no poder o MPLA, não está preparado para deixar de governar, o próprio povo angolano, não está preparado para ser governado por outra força política, os partidos políticos não tem preparo suficiente para governar o país”. Embevecidamente embalado na ribalta do circo com a sua, tantas vezes ensaiada, “stand-up comedy”, Antunes Huambo mostrou à sociedade que, não fosse a situação dramática em que sobrevivem 20 milhões de angolanos, rir poderia ser o melhor remédio. Mas não é.