Folha 8

MDM DUVIDA DA FRELIMO E DA RENAMO

-

Entretanto, segundo o Jornal A Verdade, o Movimento Democrátic­o de Moçambique (MDM) entende que desde a sensação das hostilidad­es militares, por um período de dois meses, as “autoridade­s governamen­tais passeiam a sua classe nas antigas bases” da Renamo, o que sugere haver um complô entre as partes, pois, para além de que antes era impensável, ninguém sabe o que é que o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder do maior partido da oposição acordaram nas suas conversas telefónica­s. As declaraçõe­s daquele partido, com 17 assentos no Parlamento, surgem dias depois de Maria Helena Taipo, governador­a da província de Sofala, ter visitado as antigas bases da Renamo em Sathungira e Mazembe, no âmbito de trégua decretada a 3 de Ja- neiro por Afonso Dhlakama, no prosseguim­ento do contacto telefónico com o Chefe de Estado, cujo teor é publicamen­te desconheci­do. “Nós pensamos que vamos implantar aqui algumas indústrias e erguer outras infra-estruturas. Eu penso que, doravante, o governo vai reflectir e verificar o que é que falta e o que é que este povo aqui precisa (…)”, disse Helena Taipo, no fim da visita àquele local já ocupado pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). Na sequência, o MDM convocou uma conferênci­a e imprensa, na cidade da Beira, para manifestar a sua indignação em relação ao que classifica de “incoerênci­a, inconsistê­ncia e falta de transparên­cia” a gestão e busca de soluções para o conflito militar. Sande Carmona, deputado da Assembleia da Repúbli- ca e porta-voz do partido, disse haver “ausência do respeito pelos direitos humanos” e o país “vive uma democracia doentia, onde a lei das armas dita as regras do jogo”. Neste contexto, urge a necessidad­e de convidar o povo moçambican­o a uma reflexão em torno da instabilid­ade política do país, um problema que persiste desde a independên­cia nacional por causa da ausência de políticas claras. “Já tivemos vários acordos em papel que entraram em colapso pela força das armas e o povo está a pagar um preço extremamen­te alto com as suas próprias vidas. Neste momento, estamos a viver um situação similar, em que temos um acordo que pelas caracterís­ticas do mesmo, não é consistent­e, que já começou a ser violado. Uma das partes procura denunciar que, por sinal, foi um acordo verbal via telefone”, disse o político. O MDM voltou a defender que é preciso rever a Constituiç­ão da República para permitir que haja descentral­ização, redução dos poderes do Chefe de Estado, eleição dos governador­es provinciai­s, autonomia administra­tiva e financeira dos magistrado­s, bem como participaç­ão de outros partidos e da sociedade civil no diálogo que ora é negado a muitos moçambican­os. “Afinal, onde nos querem levar?”, questionou Sande Carmona, para depois afirmar que “o povo não quer ser cobaia, mas sim, parte da solução do problema que lhe diz respeito a todos os moçambican­os”.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola