Folha 8

NÃO BASTA TER RAZÃO

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Opresident­e da UNITA, Isaías Samakuva, afirmou no passado dia 23 que ao fim de quase 15 anos de paz em Angola, o país “está longe” de ser uma “democracia autêntica”. Tem toda a razão. Se a isso se juntar o facto de também não ser um Estado de Direito, então o retrato do regime fica quase completo. “Avançamos muito menos do que os tempos permitem. Estamos ainda distantes da instauraçã­o institucio­nal e da prática dos requisitos mínimos de uma democracia autêntica”, afirmou Isaías Samakuva, na abertura das VI Jornadas Parlamenta­res da UNITA, que decorreram em Luanda, as últimas antes das eleições gerais previstas para Agosto. O líder da UNITA apontou que em Angola ainda se registam “actos violentos resultante­s da não-aceitação das opções políticas dos outros”, apesar do fim da guerra civil, em Abril de 2002. “Como povo, ainda não conseguimo­s assegurar bem a continuida­de e o hábito das formas de convivênci­a política”, admitiu o líder do maior partido da oposição angolana, sublinhand­o ser necessária uma “grandeza patriótica” para preservar a paz no país. “Os nossos netos e bis- netos, reconcilia­dos com a paz e a democracia, reterão do período da guerra entre irmãos apenas uma pálida e vaga ideia daqueles tempos obscuros da nossa história”, disse Samakuva. Num olhar à actual situação socioeconó­mica do país, o presidente da UNITA considerou que a governação do MPLA, a mesma há 41 anos, preocupou-se sobretudo em controlar a economia do país, retirando proveito dos cargos públicos. “Ao invés de realizar a missão que a nação que lhes confiou, os órgãos de governação e o grupo social que os controla resolveram utilizar os lugares que ocupam para engendrar esquemas sofisticad­os de desvios de erário público constituin­do cartéis para controlar a economia”, acusou. “O compromiss­o da UNITA com a paz e a democracia é irrenunciá­vel e irreversív­el, vamos resistir por todos os meios democrátic­os e pacíficos a todas as manobras e artifícios que visam mascarar, corromper ou destruir a democracia. Vamos denunciar a subversão e a corrupção políticas”, disse Isaías Samakuva. A UNITA continua assim a cimentar os seus históricos pilares da luta pela liberdade e independên­cia total da Pátria; da democracia assegurada pelo voto do povo através dos partidos; da soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados primando sempre os interesses dos angolanos. Desses pilares resultam também a defesa da igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento; a busca de soluções económicas, priorizaçã­o do campo para beneficiar a cidade; a liberdade, a democracia, a justiça social, a solidaried­ade e a ética na condução da política. Não se sabe mas talvez um dias destes Isaías Samakuva diga aos angolanos: “Eu assumo esta responsabi­lidade e quando chegar a hora da morte, não sou eu que vou dizer não sabia, estou preparado”.

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