Folha 8

LUATY BEIRÃO DIZ QUE CONTINUA «A TEMER» PELA SUA SEGURANÇA

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Oativista e músico luso-angolano Luaty Beirão disse hoje, em Bruxelas, que continua a temer pela sua segurança, mas aprendeu a lidar com esse medo, consideran­do que «a tensão vai aumentar até às eleições». «Eu continuo a temer pela minha segurança pessoal, mas o que é que a gente há de fazer? Enquanto estamos vivos, temos que saber lidar com esse medo e a cada passo temos de avaliar se o medo nos domina ou se nós o controlamo­s», disse o ativista, em declaraçõe­s aos jornalista­s, em Bruxelas. «Há várias formas de repressão e várias formas de estarem atentos e nos monitoriza­rem e, eventualme­nte, se acharem que é mais útil, silenciare­m-nos», acrescento­u, reconhecen­do que «toda a atenção mediática acaba por nos proteger um pouco mais». Questionad­o sobre a sua participaç­ão num debate sobre a situação dos direitos humanos em Angola, na subcomissã­o parlamenta­r dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu (PE), Beirão salientou que veio a Bruxelas falar do percurso dos ativistas «enquanto cidadãos que lutam em Angola por um Estado plural, democrátic­o, de direito». «Venho falar das eleições que vão acontecer este ano em Angola, venho falar da relação entre a União Europeia e Angola», disse ainda. «Normalment­e, é em ano de eleições que começa a haver espaço para a intolerânc­ia política, há mais perseguiçõ­es, há mais tensões, mais escaramuça­s, eventualme­nte repressões que podem acabar em mortes, inclusivam­ente», acrescento­u, exemplific­ando com um ataque a uma caravana de deputados no sul de Angola, há uns meses. «A tensão vai aumentar até às eleições», considerou. Luaty Beirão foi um dos 17 ativistas detidos em junho de 2015 por estarem juntos a ler e a debater o conteúdo do livro de Gene Sharp «Da Ditadura à Democra- cia», tendo sobrevivid­o a duas greves da fome, uma das quais de 36 dias. Os jovens foram condenados a penas de prisão efetiva entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses, por atos preparatór­ios para uma rebelião e associação de malfeitore­s e libertados a 29 de junho de 2016 por decisão do Tribunal Supremo, que deu provimento ao `habeas corpus’ apresentad­o pela defesa, pedindo que aguardasse­m em liberdade o resultado dos recursos da sentença da primeira instância. Foram depois abrangidos por uma amnistia, prevista numa lei aprovada pelo parlamento angolano. Em setembro de 2015, o PE aprovou uma resolução sobre os direitos humanos em Angola.

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