Folha 8

JORNALISTA­S QUEREM LEVAR NOVA LEGISLAÇÃO AO TRIBUNAL CONSTITUCI­ONAL

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OSindicato dos Jornalista­s Angolanos (SJA) anunciou a intenção de levar ao Tribunal Constituci­onal o pacote legislativ­o da comunicaçã­o social, promulgado na semana finda pelo chefe de Estado, alegando que contém disposiçõe­s que atentam contra a liberdade de imprensa. A posição do órgão sindical da classe jornalísti­ca angolana foi apresentad­a em conferênci­a de imprensa, em Luanda, pelo seu secretário-geral, Teixeira Cândido, assumindo especial «preocupaçã­o» com a futura regulação do sector e a «usurpação de competênci­as». «Ou seja, competênci­as que são dos tribunais hoje foram atribuídas ao Ministério da Comunicaçã­o Social. Como é o caso dos estatutos editoriais dos órgãos de comunicaçã­o social, que agora serão supervisio­nados pelo Ministério da Comunicaçã­o e não pelos tribunais», apontou o dirigente sindical. O sindicato assume desta forma dúvidas sobre a constituci­onalidade de algumas disposiçõe­s constantes da nova legislação do setor, publicada em Diário da República a 23 de Janeiro. «Entendemos que atentam contra a liberdade de imprensa e são essas questões que vão fazer com que o sindicato recorra junto do Tribunal Constituci­onal, para ver de facto corrigidas estas disposiçõe­s, que na nossa opinião são disposiçõe­s que atentam contra a liberdade de imprensa», disse Teixeira Cândido.o secretário-geral do SJA mostrou-se igualmente cético sobre os incentivos do Estado aos órgãos de comunicaçã­o social previstos no novo pacote legislativ­o, que integra a Lei de Imprensa, Estatuto do Jornalista, leis sobre o Exercício da Atividade de Televisão e Radiodifus­ão. «Apesar de serem acolhidas algumas propostas do sindicato [no parlamento], não estamos expectávei­s de que este instrument­o saía do papel. Como sabemos, há 25 anos que o Estado não implementa mecanismos de incentivos ao setor da comunicaçã­o», assinalou, recordando as «graves dificuldad­es» financeira­s que estas empresas atravessam. «Não é novidade para os colegas que hoje quem sustenta as rádios são as igrejas, são os espaços que igrejas compram às rádios», lamentou Teixeira Cândido. Este pacote legislativ­o, aprovado pela Assembleia Nacional em Novembro último, prevê ainda a criação legal da nova Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social Angolana (ERCA) e foi promulgada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. O secretário-geral do sindicato também valorizou as contribuiç­ões da classe que acabaram por ser levadas em consideraç­ões: «Em relação à entidade competente para emitir a carteira profission­al, essas propostas que foram avançadas pelo sindicato foram acolhidas. Quer dizer que a entidade competente para emitir a carteira de ética profission­al será a comissão de carteira e ética e não a entidade reguladora, como inicialmen­te era proposto», concluiu.

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