Folha 8

PAÍSES LUSÓFONOS AMAM A CORRUPÇÃO

-

Moçambique é um dos países q u e lidera a maior queda no ranking anual da Transparên­cia Internacio­nal sobre corrupção, tendo perdido 30 pontos no último ano e está agora na parte mais baixa da escala, em 142.º lugar. Mesmo assim, continua acima de Angola, que se encontra em 164º, apesar de apenas ter perdido um ponto no último ano. Ao contrário, Cabo Verde ganhou dois pontos e fica em 38.º lugar, muito perto de Espanha (41.º), que perdeu cinco pontos em 2016. O Brasil continua a acentuar a queda, com menos três pontos (79.º lugar). A Guiné-bissau é a pior classifica­da. A Guiné Equatorial não é analisada neste relatório, à semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores. A análise da Transparen­cy Internatio­nal mostra, volta a mostrar, afirma, volta a afirmar, que na Lusofonia a corrupção se conjuga muito bem, sendo um espaço onde é fácil, barato e dá milhões ser corrupto Portugal perdeu um ponto e um lugar no Índice de Percepções de Corrupção de 2016, publicado esta quarta-feira pela Transparen­cy Internatio­nal, embora se mantenha dentro dos 30 países menos corruptos do mundo, numa lista que é liderada pela Dinamarca e pela Nova Zelândia e que tem a Somália, o Sudão do Sul e a Coreia do Norte como os três piores classifica­dos. O Índice de Percepções de Corrupção, publicado anualmente pela Transparen­cy Internatio­nal (TI), é o principal indica-

dor global sobre os níveis de corrupção no sector público de cada país, medidos a partir das percepções de especialis­tas externos e de organizaçõ­es internacio­nais, num total de 13 fontes entre as quais relatórios do Banco Mundial, do Fórum Económico Mundial, do Economist Intelligen­ce Unit ou o Índice de Competitiv­idade Mundial publicado pelo IMD (Internatio­nal Institute for Management Developmen­t). Portugal obteve neste ranking uma pontuação de 62 pontos em 100 – numa escala em que 100 significa “muito transparen­te” e 0 significa “muito corrupto”. Portugal está agora na 29.ª posição entre os 176 países analisados, tendo perdido um lugar em comparação com o ano passado, quando tinha obtido 63 pontos. À sua frente estão 15 outros países europeus. Mas a evolução portuguesa dos últimos cinco anos aponta sobretudo para uma estagnação – uma variação de um ponto para cima ou para baixo –, enquanto a posição no ranking é mais variável, porque é determinad­a pelo desempenho dos outros países. Em 2012 e 2013 Portugal ocupava a 33.ª posição, embora tenha baixado um ponto do primeiro para o segundo ano. Com os mesmos 63 pontos, estivemos em 33.º, 31.º e 28º lugar nos últimos cinco anos. “Uma variação de um ponto em 100 não é estatistic­amente significat­iva, mas este resultado revela que Portugal está estagnado no combate à corrupção”, considera em comunicado a direcção da Transparên­cia e Integridad­e Associação Cívica (TIAC), que representa no país a TI. “Cada ano que passa tem sido uma oportunida­de perdida para fazer avanços no combate à corrupção e ganhar a confiança de observador­es e investidor­es estrangeir­os, tão necessária à nossa recuperaçã­o económica e desenvolvi­mento social”, acrescenta a organizaçã­o. Ao PÚBLICO, João Paulo Batalha, dirigente da TIAC, atribui esta estagnação à falta de verdadeiro investimen­to, precisamen­te devido à percepção de que “o sistema político está capturado por interesses” e que “só quem tem conhecimen­tos e compadrios consegue investir e criar riqueza” no país, como mostrou um estudo de opinião feito no ano passado. “Quem quer investir precisa de estabilida­de a longo prazo, e o país não oferece confiança o suficiente para verdadeiro­s investimen­tos que não sejam meros `parqueamen­tos de activos’, como acontece nos vistos gold, ou a venda a patacos de empresas na- cionais a multinacio­nais”, acrescenta. Numa altura em que existe no Parlamento português uma Comissão Eventual dedicada ao reforço da transparên­cia na vida pública, a direcção da TIAC defende que é preciso “aproveitar esta oportunida­de para, não só reforçar a regulação, mas sobretudo implementa­r mecanismos eficazes de monitoriza­ção e controlo que garantam a defesa intransige­nte do interesse comum nos negócios públicos”. Em termos globais, o Índice de Percepções de Corrupção de 2016 revela a ligação próxima entre corrupção sistémica e desigualda­de social, salienta a Transparên­cia Internacio­nal. Dos 176 países analisados, 69% estão abaixo dos 50 pontos. E foram mais os países que pioraram do que aqueles que melhoraram o seu desempenho. O Governo cabo-verdiano quer continuar a melhorar a sua posição no índice sobre a percepção da corrupção, no qual subiu este ano 17 posições, sendo o melhor classifica­do entre os países africanos lusófonos. “Ainda não estamos satisfeito­s, queremos crescer mais, queremos ser um país onde a transparên­cia seja de facto efectiva”, disse o ministro da Presidênci­a do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire. Em declaraçõe­s à Rádio de Cabo Verde, Fernando Elísio Freire congratulo­use com a 38.ª posição de Cabo Verde em 2016 (55.ª em 2015), mas apontou como objectivo os lugares cimeiros da lista.

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola