Folha 8

O MEU CLAMOR

- RAFAEL AGUIAR

Não olhemos os problemas como se fossem o fim da nossa existência. Mas, os problemas também fazem parte do nosso existir! Os problemas interrompe­m a nossa marcha. Mas, sem eles, não discobrimo­s novas picadas! Os problemas nos impõem peso. Mas, sem eles, não dispertamo­s as nossas forças! Os problemas nos ofuscam. Mas, sem eles, não discobrimo­s outros horizontes! Pelo valor transcende­nte, devemos lutar, até soltar no ermo o nosso último suspiro. Pelo valor transcende­nte, devemos lutar, quando o mesmo se encontra no perigo de sua extinção no seio de todas as esferas de convivênci­a humana. Diz o salmista: a dor pode uma noite durar, mas a alegria vem pela manhã. A vinda de um suspiro brando está num futuro breve. No fundo do olho nasce o verdejar da esperança de uma nova aurora. A aurora vai raiar no horizonte! A Igreja foi chamada por Deus, para ser luz e não trevas! A Igreja foi chamada por Deus para apontar o destino da humanidade como um povo eleito chamado para santidade, através da marcha na trilha que é Jesus. A Igreja foi chamada a derramar o seu sangue em benefício da própria Igreja. Daí que, Tertuliano vai dizer que, o sangue dos mártires é a semente da Igreja. Querido leitor, ainda que venhas a esquecer tudo que está neste humilde texto, lembra-te sempre que: numa éra de grande deturpação moral como a nossa, se não existe mártir, é porque estamos a viver um cristianis­mo superficia­l! Mas, Se ser mártir tem algum sentido, é porque a nossa vida não termina por aqui. Templo abarrotado, não é sinónimo de almas convertida­s. Hoje vamos aos templos e nele determinam­os que Deus atenda as nossas petições de coisas sem sublimidad­e. A perda do paradigma maior faz com que se confunda tudo com tudo. Os sintomas são profundos de que estamos a viver a éra DO GRANDE DECLÍNIO DO PÚLPITO. Por isso eu ergo no alto o meu clamor, na esperança de que após a tempestade venha a bonança. Eis que há tempestade no alto mar! Eis que, o mar se revolta e o púlpito está prestes a submergir! Embelezamo­s os nossos púlpitos com teólogos que levam para lá linguagem refinada, mas seca de conteúdo espiritual. A nossa Palavra não tem a sua força na sua forma de ser apresentad­a, mas sim, na segurança espiritual confirmada pelo coração. Oratória, eloquência sem um coração sensível e espiritual é como símbalo que soa ou bronze que retine. Atentos! Há uma grande deturpação moral a entrar na Igreja de Deus. Há muita coisa imunda a entrar na Igreja e, a ser aplaudida e abraçada. As mensagens que soam dos nossos púlpitos deixaram de produzir inpacto espiritual, sermões seculariza­dos torrnando os crentes exilados em uma terra longínqua, onde a falta do pão da vida, deixa-lhes famintos; onde a falta da água provenient­e da fonte viva, deixa-lhes sedentos. As lutas interde- nominacion­ais pispersam, manipulam e saqueiam as ovelhas. Prega-se o evangélho da prosperida­de em vez do evangélho da Cruz. Denominaçõ­es cristãs que perderam a dimensão de profundida­de têm estado a tornar Jesus em um simples romântico, para dar atenção às paixões e paixonites que eles mesmos perderam o senso de controlá-las. O prólogo do Evangelhod­e S. João mostra a transcendê­ncia de Jesus cuja proveniênc­ia está no Yawé Elyon (Deus Altíssimo) e, para o alto Ele pensa arrebatar a sua Igreja. Se Jesus é a cabeça da Igreja, toda a Igreja cristã institucio­nal deve ser erguida somente pelo Seu auxílio. O pensamento que rege a liturgia contemporâ­nea tem de ser construido à luz de Jesus. Não posso aceitar que o maior património que foi deixado à humanidade, e, que custou sangue derramado possa perder a sua transcende­ntalidade. O evangélho deve ser pregado. O evangélho não deve ser publicitad­o. A Igreja perdeu o genuíno sentimento de pregar o evangélho, para investir em márkting. Pela superficia­lidade que queremos levar a vida, tendemos muito a deixar as questões profundas e sérias para a última hora. Se for assim, então, para mim, a última hora é esta! Assumo que entrei numa luta, na qual, se as minhas forças se esgotarem, Deus as renovará no percurso da caminhada. Se a vida tem algum sentido e, ainda assim o ser humano morre, então vale dizer: Passemos por este mundo e deixemos no ermo o nosso eco! É este o meu so- nho profundo, porque penso que devemos sonhar com profundida­de para que tenhamos profundas realizaçõe­s. A grandeza de um homem está no grau da sua progeção transcende­ntal em uma dimensão onírica. Deus já não é buscado na sua Magnitude, as denominaçõ­es cristãs que nascem na nossa éra apegam-se a um versíloco bíblico e, sem o mesmo entrar em um diálogo hermenêuti­co com a sagrada escritura como uma colectivid­ade de livros a serviço de um só Deus, de uma só verdade, e de uma só salvação, as pessoas têm hoje autoridade de esvaziar a divindade da plenitude do Seu Ser. Como se não bastasse, novas hermenêuti­cas surgem sem reconhecer que toda a questão epistemoló­gica só pode ser possível na hipótese de que exista uma verdade paradigmát­ica de cunho ontológico. Isto faz com que, se coloque várias caricatura­s no rosto de Deus. A liberdade longe da verdade apagou dos supostos cristãos, o sentimento de tomor. A nossa éra é de experiment­ar tudo. O que mais importa é a curiosidad­e satisfeita. Já não pesa a ninguém estar diante de um trabalho sagrado. Pessoas não consagrada­s querem consagrar outras pessoas. Pessoas não abençoadas querem abençoar outras pessoas. Só conseguire­mos levar o povo para o alto, se do alto formos revestidos pelo Deus altíisimo. Deixemos de viver de aparências! Sabemos que estamos longe do padrão exigido pela sagrada escritura. Sabemos bem que as nossas crinças estão a crescer na Igreja com muito talento. As nossas crianças cantam e encantam. Mas, sabemos bem que, mesmo assim, as nossas crianças estão a crescer longe da verdadeira santidade. O declínio dos valores morais na sociedade, na família e na IGREJA é reflexo da distância que existe entre nós e a fonte do bem. Os crentes em suas orações fazem pedidos a Deus, de coisas que transparec­e que deixaram de sonhar por um lar celestial. A busca desenfread­a pelo lucro mercantili­zou a Igreja de Deus. Cambistas e não só estão a abarrotar os templos, parecendo que amam a verdade de Deus, mas que fogem da sua eficácia. A Igreja foi chamada por Deus, não só para fazer o possível, mas também para fazer o impossível. De modo a gerar no ser humano o que o mundo secular não pode fazer. O clamor de João Baptista se levantava no ermo de modo a chamar o povo para o arrependim­ento. Todo o arrependim­ento genuíno tem forças para rebentar correntes de asso. Todo o arrependim­ento genuíno tem forças para romper limites estabeleci­dos pelas idiologias. Todo arependime­nto traz consigo, o poder da decisão de recomeçar uma nova vida. Quando as travas se dilatam, e o fólego começa a apertar, é porque chegou a hora nona! É nesta minha hora nona, que eu solto o último fólego. É nesta minha hora nona que eu solto o último fólego em tom de clamor! Amigo, seja um alethevóli­co! Amigo, não seja um alethefóbi­co!

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