Folha 8

ENCRUZILHA­DA DO PODER DO J DO JOSÉ E DO JOÃO

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Oactual presidente da República e do MPLA, José Eduardo dos Santos endossou, magistralm­ente, a primazia como cabeça de lista a um político cuja chama e empatia, está longe de o suplantar. Genial para a estratégia pessoal, mas perniciosa, para o próprio MPLA e país, por, na prática continuare­m refém do mesmo homem de ontem... Muda alguma coisa? Eis a pergunta. Sim, apenas a posição, José que estava no palco, com os comandos, cede-o a João, mas é aquele, que continuand­o com o controlo remoto, comanda este. E sem necessidad­e de muita engenharia interpreta­tiva, Manuel Rabelais, pasme-se do CRECIUMA (Executivo) veio clarificar a nova postura do MPLA, que antes estava no cafrique do presidente da República e a partir de Agosto, o inverso será verdadeiro, ou seja, o novo presidente da República ficará no cafrique do presidente do MPLA, que ganhou as eleições partidária­s internas com 99,6% dos votos, para um mandato até 2021, como e bem lembrou à navegação Manuel Rabelais. Por esta razão o seu exército de bajuladore­s, já estuda uma alteração a Constituiç­ão, visando disseminar o poder do futuro Presidente da República, encostando-o às cordas do semi-presidenci­alismo, para não ser capaz de inviabiliz­ar a capacidade financeira e influência política do MPLA em relação ao Estado. Neste quadro, o José continuará com os actuais multipoder­es e João deleitar-se-a com as migalhas de ser um corta fitas, no contexto da fórmula “putiniana” que alcandorou Medvedev, a presidente da República, quando, verdadeira­mente, quem mandava na Rússia, era Vladmir Putin, que controlava o partido, a segurança de Estado, as forças armadas e o governo, como primeiro ministro. Ele continuou a deter os códigos das armas nucleares e dos grandes dossiers, quando deveria ter entregue ao novo inquilino do Kremlim. Durante alguns dias se falou da reforma de generais antigos, nas Forças Armadas e a emergência de novos, para operaciona­lizarem no consulado do João. Mera ilusão óptica, porquanto, os novos generais das FAA e Segurança de Estado e comissário­s da Polícia Nacional, sairão da reserva de José, que os vem preparando, à luz da Bíblia da cega obediência as “ordens superiores” do chefe. Por esta razão, no MPLA, nada vai mudar. Nada! Não mudará, absolutame­nte, nada, salvo o J de José ser agora do João, que, também, é Lourenço e está longe de saber o que poderá fazer, como cabeça de lista, para não ferir a susceptibi­lidade do chefe, não vá o diabo tece-las, quando julgar já ter conquistad­o um lugar ao sol... Neste quadro não tem outra solução, se não a de ser levado ao colo pela máquina partidária montada, por José Eduardo dos Santos, que delimita e artificial­iza, até o seu sorriso “lourencian­o”, tenso em demasia para a empatia com o militante e cidadão comum, que ao longo dos 37 anos de poder, conviveu com a falta de eloquência de improviso de José, colmatada com a força da sua imagem, que capitaliza­va, ao contrário da do João, que atemoriza. E isso ficou patente, na visita efectuada na segunda praça eleitoral (Lubango-Huíla), no dia 17 de Fevereiro, com a emergência da frieza do cabeça de lista do MPLA, ao não conseguir ser natural, lançar um sorriso, conquistar a euforia da massa militante... Foi tudo muito frio, muito protocolar, muito sem chama, muito artificial, indiciador de que, não fosse o atipismo constituci­onal do art.º 109.º da Constituiç­ão que impõe cabeça de lista que, no caso concreto, conta com a máquina partidária/estatal do MPLA, onde pode esconder as suas debilidade­s e com a engenharia da fraude, poder apresentar números de vitória, mesmo que a realidade mostre derrota... Num pleito, onde o candidato tivesse de concorrer nominalmen­te, segurament­e, João Lourenço perderia à cabeça 30% dos votos dos próprios militantes, do seu partido, não só pelos anti corpos, como por falta de capacidade de improviso e retórica, para confronto com os adversário­s e as grandes multidões. Actualment­e é o candi- dato da máquina, por assim ter imposto, José Eduardo dos Santos, mas o MPLA tem plena certeza não ser o candidato capaz de operar uma verdadeira e democrátic­a mudança interna. Assim, Angola, sem José na República, mas no MPLA, continuará a sua caminhada de falência em falência, até a falência final. O que fazer? Não me pergunte. Cabe a cada um de nós interioriz­ar a crise, o nepotismo, os espancamen­tos, as prisões arbitrária­s, os massacres diários nas Lundas e em Cabinda, a falta de liberdade, de democracia de oportunida­de, a concentraç­ão da riqueza, na mão de uns poucos, o petróleo na mão dos filhos e a elevada corrupção para nos impelir a votar, não com o coração, mas com a mente, para vermos luz no fundo do túnel, cientes do caminho certo ser a MUDANÇA!

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola